Expansão e esvaziamento da religião de Umbanda




Expansão e esvaziamento da religião de Umbanda


No período entre 1945 e 1979, a religião de Umbanda se expande de maneira vertiginosa.

Uma das razões pelas quais essa expansão aconteceu, ficou por conta de Jorge Amado que, eleito deputado, na época, conseguiu aprovar a Lei de Liberdade de Culto.

Em 1952, é fundado o Primado de Umbanda por Benjamim Figueiredo da Tenda Espírita Mirim e o Primado de Umbanda se torna, naquela época, a maior organização Federativa da religião de Umbanda com metodologia e com estrutura muito bem definidas, muito bem organizadas.

Em 1949, também por iniciativa de Zélio de Moraes, é criado o “Jornal de Umbanda”.

Em 1952 surge Tata Tancredo no cenário Umbandista.

Ele funda a Federação Espírita de Umbanda.

Tata Tancredo é africanista, pratica Umbanda Omolocô.

Tata Tancredo pratica Umbanda e ao mesmo tempo ele crê que Candomblé, Culto de Nação, Culto a Angola, que tudo quanto é forma de religiosidade afro-brasileira, em sua visão, cabe e está dentro da Umbanda. Ele se torna muito popular no Rio de Janeiro.

Tata Tancredo a partir da sua Federação começa a viajar pelo Brasil e surge, então, um grande racha, uma dissidência forte na Umbanda. Começa a surgir a ala dos Umbandistas mais africanistas, da Umbanda Africanizada que afirmavam que a Umbanda vinha da África inclusive e a ala dos Umbandistas menos africanizados.

Em 1956 essas duas alas se unem, tanto a africanista como a não africanista e, essa união tinha por objetivo fundar o “Colegiado Espírita do Cruzeiro do Sul”, com fins políticos.

Entra em cena, naquela época, a família Átila Nunes que até hoje atua na política e atua trabalhando em prol da religião de Umbanda.

 Em 1961, foi realizado o Segundo Congresso Nacional da Religião de Umbanda no Maracanãzinho, lotado, as fotos mostram algo impressionante.

Enquanto isso, em São Paulo, no ano de 1942, Pai Jaú funda a Liga de São Jerônimo. Logo na sequencia em 53 é fundada a FUESP (Federação de Umbanda do Estado de São Paulo).

Em 1955, Pai Jamil Rachid funda a “União de Tendas de Umbanda e Candomblé”, até hoje muito atuante.

 Em 1961, no Segundo Congresso Nacional de Umbanda os senhores presentes foram de alguma forma orientados a fundar “Superiores Órgãos de Umbanda” em cada Estado e assim foi fundado em São Paulo, o Superior Órgão de Umbanda do Estado de São Paulo – SOUESP – de todos os Estados São Paulo foi o único que conseguiu idealizar o SOUESP.

Em 1973, Pai Ronaldo Linares fundou a Federação FUGABC, a Federação Umbandista do Grande ABC,  que é um marco importante, pois Pai Ronaldo Linares teve contato direto com Zélio de Moraes e é o homem que muito e mais trabalhou para se tornar conhecida a história da religião de Umbanda, para que a história de Zélio de Moraes se tornasse conhecida, realmente quem mais fez por isso, pela nossa religião foi Pai Ronaldo Linares que a partir da FUGABC também é o responsável pelo “Santuário Nacional de Umbanda”.

A partir da década de 60, em São Paulo, surge a “Festa de Iemanjá” em Praia Grande, esta festa vai da ponta da praia no Forte até Mongaguá, com relatos de milhões de pessoas, milhares e milhares de ônibus, algo nunca visto.

É o “bum” da religião de Umbanda. Nesse momento a Umbanda é uma religião muito popular, as músicas de Umbanda, os pontos de Umbanda são cantados na televisão por Clara Nunes, por Martinho da Vila, por Elis Regina, é uma grande popularidade, todo mundo quer ser Umbandista.

Como a religião cresceu muito rápido, em pouco tempo, sem nenhuma organização, sem ter uma base teórica, sem ter exatamente uma literatura ou um conjunto de conhecimentos, de esclarecimentos, com cada um fazendo o que queria e dizendo que isso é Umbanda, começaram a surgir escândalos, a religião começou a ser combatida, inclusive, pelo novo segmento que nascia, o segmento “Neopentecostal”, altamente combativo e de uma força incisiva e direta afirmando a mesma coisa que a igreja Católica afirmava das outras religiões no período de Colonização,  com a mesma e antiga receita, demonizando as outras religiões, por meio de tudo isso a Umbanda entrou num período de “Esvaziamento” na década de 80.

 A década de 80 é a década de depressão, de esvaziamento da religião de Umbanda, ninguém mais fala de Umbanda na televisão, as pessoas não tem mais orgulho de ser Umbandista, começam a ter vergonha de ser Umbandista, ser Umbandista começou a ser sinônimo de macumbeiro, de enganador, de charlatão, de curandeiro.

No inconsciente coletivo começou a se fixar uma ideia de que Umbanda não é uma coisa boa e ninguém sabe a diferença de Umbanda para outros cultos, outras religiões, outras religiosidades, ninguém sabe mais se Umbanda é Brasileira, se não é Brasileira, ninguém sabe se Umbanda só faz o bem, junto com isso tudo o preconceito acerca de Exu e aquela ideia de que Exu faz o bem, faz o mal, que cada um faz o que quer.

Tudo isso começou a criar um ar de religião perigosa, de uma religiosidade perigosa, associado a essa ideia de que se você entra na Umbanda, você não pode sair, se você sai a sua vida vira para trás. Nessa época também era muito comum, o que foi muito relatado pelos antigos Umbandistas, a questão de demanda, de Terreiro demandando contra Terreiro, de dirigente demandando contra dirigente, de médium quando sai do Terreiro o dirigente demanda, ou seja, faz ação negativa contra os médiuns.

A ignorância vai predominando, muitas pessoas usam a religião de Umbanda e o nome das entidades para ganhar dinheiro, para extorquir, para enganar, para fazer trabalhos pagos, como esses que nós vemos em postes, de feitiço para prejudicar a vida de alguém.

Tudo isso começou a se confundir com Umbanda, então, na década de 80 areligião esvaziou-se.
A partir da década de 90 começa a surgir uma nova geração Umbandista, a partir da década de 90 começa a surgir uma literatura de Umbanda, começam a surgir romances de Umbanda.

A partir da década de 90 essa nova geração que se interessa pela religião, é uma geração que quer estudar, quer conhecer a religião de Umbanda e encontra material.

Surge um autor, Rubens Saraceni, no cenário da religião de Umbanda como médium psicógrafo e, então, nós começamos a ter uma literatura psicografada de Umbanda.

 Algo que já funcionava muito bem no Espiritismo como forma de doutrinação, como forma de esclarecimento, como forma de entendimento do que é que eu estou praticando, de onde venho, qual é a minha religião.

Surgem os romances de Umbanda, o clássico “O Guardião da Meia Noite”, que é leitura obrigatória, começa a mudar a opinião das pessoas sobre quem é Exu, o que é Exu e como Exu atua na Umbanda.

 “O Cavaleiro da Estrela Guia” junto do “O Guardião da Meia Noite” vai firmando o nome do Rubens como médium psicógrafo de romances de Umbanda.

Rubens traz toda uma nova literatura, uma bagagem de conhecimentos e em torno de 1995. Em 1996, para ser mais exato, Rubens idealiza o curso livre de “Teologia de Umbanda Sagrada” e  começa o estudo da religião de Umbanda para todos que queiram aprender. Agora, para você estudar Umbanda você não precisa ser mais filho de santo da pessoa que está lhe ensinando, isso foi inédito, foi uma inovação.

Até então, qualquer dirigente espiritual só ensinaria Umbanda para aquele que fosse médium da sua casa, a partir do Rubens (ou que viesse a se tornar) surge o curso teórico de estudo da religião “Teologia de Umbanda Sagrada”, um curso livre pra todos que queiram estudar e conhecer a religião.

Independente de ser curioso, de ser ou não adepto, de ser ou não médium e que não precisa se tornar o meu filho de santo, não precisa se tornar médium da minha casa, não precisa me pedir a benção ou bater cabeça pra mim porque estamos ali para estudar, isso tudo começa com Rubens Saraceni na idealização do curso e mais tarde viria também o curso de “Magia Divina das Sete Chamas Sagradas”.

 Começa um novo período dentro da Umbanda, de 1990 até hoje, a religião de Umbanda que se esvaziou na década de 80, começa a crescer outra vez, a Umbanda volta a crescer, mas ela cresce com passos lentos, no entanto, passos muito firmes.

 A Umbanda volta a crescer principalmente em torno dos Terreiros, dos Núcleos, Tendas e Centros, em torno das organizações que valorizam o conhecimento, a informação, o ensino, a cultura, a doutrina e a Teologia de Umbanda. Então, hoje a Umbanda volta a crescer graças ao estudo, graças ao conhecimento, graças à informação.

Hoje se multiplica a informação, se multiplica o conhecimento e cada um de nós começa a ter recursos de base para entender quais os fundamentos da religião de Umbanda, cada um de nós se torna um multiplicador da religião. Este é o atual período da religião, a “Maturidade da Umbanda” e cada um de nós faz parte desta história.

Esse é o momento, essa é a hora em que cada um de nós está sendo chamado para fazer história na religião de Umbanda e a nossa parte é: absorver informação, absorver cultura e multiplicar essa informação.

Que cada um de nós seja um Umbandista consciente do que é a religião de Umbanda. E desta forma, com certeza, a gente vai transformar a Umbanda na religião que nós queremos ou mostrar a sociedade o que realmente é Umbanda: uma religião linda, fascinante, encantadora que pratica única e exclusivamente o bem.


(Texto de Alexandre Cumino – Curso de Teologia de Umbanda Sagrada)


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