Obaluayê – Nanã - Orixás da Evolução



Quem é Obaluaê – Umbanda – Minha Fé


Obaluayê – Nanã Buroquê 


O que é evoluir? Evolução?

 O que acontece quando evoluímos?

 Evoluir é melhorar, subir degraus.

 Evoluir pode ser também sinônimo de ascensão, crescimento.

A evolução só se dá por meio da vivência, da experiência.

Podemos envelhecer como efeito biológico, mas, evoluir está relacionado aos que não apenas envelhecem, mas também amadurecem.

Amadurecer é evoluir e há uma ligação estreita entre evolução e transformação que são qualidades, fatores de Obaluayê.

Ele é o transformador, evolucionista e Nanã Buroquê é decantadora.

A evolução está ligada ao crescimento, evoluiu aquele que passou por experiências.

A pessoa que evolui, sai de uma realidade e alcança outra, evoluir é subir degraus.

A evolução está presente nas nossas vidas. Nós podemos evoluir ou “involuir”, há aqueles que no lugar de se tornarem pessoas melhores, se tornam piores.

É possível “involuir”, ou seja, há aqueles que durante uma encarnação ao invés de melhorarem, pioram. Há aqueles que ao desencarnar, no astral, vão baixando a vibração e vão viver em faixas obscuras, trevosas, negativas do embaixo: “involuiu”.

Isso vai contra a afirmação de Kardec que diz: “Sempre evoluímos”.

A obra de Kardec não explica a Umbanda e os nossos conceitos não estão atrelados e nem amarrados às convicções ou formulações de Kardec.

Nós não estamos sempre evoluindo, às vezes nós regredimos, pode acontecer uma regressão consciencial, uma regressão de valores, uma regressão das virtudes, como alguém que, por causa de um trauma, de um desequilíbrio, por causa de uma dor, se negativa, ela cai e ela se estabelece numa faixa vibratória negativa, isso também acontece.

Tanto acontece que existe no astral o ovoide, é um ser que regrediu e perdeu a liberdade de continuar a se manifestar com o corpo plasmado, ele passou por uma regressão e ele é recolhido num ovoide e ali ele fica esperando o momento para reencarnar outra vez.

Somos todos espíritos passando por uma experiência carnal, não somos seres carnais passando por uma experiência espiritual: “Somos seres espirituais passando por uma experiência carnal”.

A vida é uma escola, nós encarnamos com o objetivo de evoluir, de aprender alguma coisa e cada situação na vida é direcionada de acordo com as suas necessidades e o seu merecimento.

Pedimos a Obaluayê, Nanã Buroquê, que nos ajude na nossa evolução.

Passamos por várias encarnações e é comum que isso aconteça junto de um grupo, é comum que exista um grupo de pessoas que encarna e desencarnam juntas numa malha de relações sucessivas.

As pessoas as quais nós temos apego, amor, sentimento, criam vínculos e ligações conosco e isso nos atrai para encarnar e desencarnar em grupo.

Mas, às vezes, há um nesse grupo que acaba ficando para trás, que não acompanha, não evolui, que “involui”, que cai, que regride.

 E acontece, às vezes, de um mesmo grupo reencarnatório, seguir o seu caminho e um retardatário ficar envolvido com o mal, direcionado ao mal, ele acaba perdendo aquele grupo, ele não tem mais ligação com ninguém que está encarnando e desencarnando, o grupo dele foi embora, evoluiu.

Alguém que está há séculos no astral destilando ódio, rancor, dor, sofrimento não está evoluindo, está “involuindo”.

Quando nem a oportunidade de encarnar pode propiciar que esse ser saia da sua condição negativa para vivenciar experiências e voltar a evoluir, quando nem isso é possível, esse ser é transformado num ovoide.

Na literatura Espírita, por meio do Chico Xavier, no livro “Libertação” que faz parte da série “Nosso Lar”, são citados os ovoides.

Torna-se um ovoide aquele espírito que não tem nada de bom mais para o ser humano, não tem mais como evoluir, a Lei o recolhe num ovoide, ali ele fica dementado dentro de um ovoide, esperando a oportunidade para encarnar.

Antes de encarnar, esse ovoide é limpo, é depurado de toda a memória, como limpar o HD e ali ele vai começar com um novo grupo, por isso ele é recolhido a um ovoide.

No mundo astral nós temos sete faixas vibratórias para cima e sete faixas vibratórias para baixo, ao encarnar e desencarnar, nós estamos com o nosso padrão vibratório mental em sintonia com uma dessas faixas vibratórias para cima ou para baixo.

Nós não vibramos muito mais do que um, dois ou três para cima; um dois ou três para baixo, as três faixas vibratórias para cima, as três faixas vibratórias para baixo é onde está a maioria dos espíritos que encarnam e desencarnam.

 Na quarta faixa vibratória se encontram aqueles espíritos que estão começando a se desligar da matéria, que tem um desapego maior. Na quinta faixa vibratória superior estão aqueles espíritos que já tem desapego pela matéria e que não tem mais corpo plasmado.

Da quinta para cima tudo é luz, não existe mais forma, eles não precisam de um corpo plasmado para se manifestar. Da quinta para baixo é o contrário. Se da quinta para cima não precisa mais de um corpo plasmado, todos são apenas luz, não tem forma porque o corpo é cada vez mais sutil até que o ser não precisa mais de um corpo para se manifestar, tudo é mental, é luz.

Para baixo o ser perde o direito e a liberdade de ter um corpo, da quinta para baixo, nas trevas, os seres têm um corpo plasmado que vai se deformando, assumindo formas animalescas.

E há aqueles que podem, por determinação da Lei Maior e da Justiça Divina, quando é entendido que fizeram uma afronta muito grande à Lei ou que não tem retorno, não tem como encarnar e voltar a evoluir, esses se tornam ovoides.

Nós, na Umbanda, acreditamos na evolução e acreditamos na involução.

Nós evoluímos ou involuímos e esse é o campo de Pai Obaluayê, é o campo da transmutação, das mudanças, é o campo das passagens, por isso Obaluayê rege as passagens.

Obaluayê é o Orixá universal, o seu nome: Oba – lu – ayê quer dizer: o rei = “Oba” / “lu” quer dizer “senhor” / “ayê” = terra – Obaluayê “O rei senhor da
terra”, sua saudação é Atotô, quer dizer “silêncio”, nós dizemos “Atotô Obaluayê”, “ Salve o velho Obaluayê” é quem ampara na nossa evolução.

Ele é universal, amparador.

Nanã Buroquê é cósmica. “Nanã” quer dizer vozinha, minha avó/ “Buroquê” é da morte ruim, “Vozinha que nos protege de uma morte ruim”. Ambos se assentam no campo santo, no cemitério ou Obaluayê também a beira mar que é onde tem terra e água.

Obaluayê é do elemento terra com água, Nanã é do elemento água com terra.

A sexta linha de Umbanda, da Evolução, é a linha da terra, Obaluayê e Nanã Buroquê se completam.

 Obaluayê é universal, nos ampara. Nanã Buroquê é cósmica é retificadora.

Obaluayê nos trabalha a partir das nossas virtudes, nos ajudando a passar, a subir de grau e Nanã Buroquê nos trabalha ajudando a depurar os nossos vícios.

Quando você cresce em virtudes, você evolui e quando você é depurado nos seus vícios, você também evolui.

Lembrando que: Orixá universal é amparador, Orixá cósmico é retificador.

Orixá universal atua a partir das nossas virtudes, o cósmico pelos nossos vícios. O Orixá universal é irradiador e o Orixá cósmico absorvente.

Isso não quer dizer que o cósmico só trabalha com os vícios e que o universal trabalha só com as virtudes, quer dizer que a especialidade do universal é amparar e do cósmico retificar, mas os dois trabalham juntos.

Pense no simbolismo dos Pretos Velhos, num cruzeiro. Como é simbolizado um cruzeiro? Com Três degraus e uma cruz. O cruzeiro também é um símbolo e um sinônimo de evolução, os degraus de um cruzeiro simbolizam os degraus da evolução e a cruz simboliza a passagem de uma realidade para outra.

 O símbolo da cruz é um símbolo muito mais antigo do que o Cristianismo, em outras religiões e culturas mais antigas como, por exemplo, na cultura Egípcia nós temos a cruz “Ansata”, que é uma cruz com um círculo em cima e que representa o princípio masculino e o princípio feminino e também a passagem de uma realidade para outra. Obaluayê rege esse mistério das “passagens”, por isso a cruz é símbolo de Obaluayê.

Nós temos cruz de Oxalá, cruz de Oxum, cruz de todos os Orixás, eu posso ter uma cruz para cada Orixá, eu posso ter a cruz da Fé, a cruz do Amor, a cruz do Conhecimento, a cruz da Justiça, a cruz da Lei, da Evolução, mas o mistério cruz pertence à Obaluayê.

Assim como eu tenho água de Iansã, água de Obaluayê, mas o mistério água pertence à Iemanjá. Eu posso ter pedra de Xangô, pedra de Oxóssi, pedra de Nanã, pedra de Oxum, pedra de Ogum, mas as pedras, o mistério mineral é de Oxum. Eu posso ter as ervas de Omulu, as ervas de Iemanjá, as ervas de Xangô, as ervas de Egunitá, as ervas de Nanã, mas as ervas os vegetais pertencem à Oxóssi.

E a cruz, que é o mistério da passagem, do entrecruzamento, do encontro de duas realidades pertence à Obaluayê, Orixá da transmutação, da evolução.

Separamos Obaluayê de Omulu, pois, Omulu é o fim, a morte e Obaluayê é a passagem.

Obaluayê representa a grande transição, a grande passagem, é ele quem nos ajuda a passar, a crescer, evoluir nas mudanças, por isso é tão simbólica a pipoca para Obaluayê.

O que é a pipoca? É o milho que ao ganhar calor, estourou, evoluiu, deixou de ser milho para ser pipoca porque ele aceitou receber calor. O grão de milho que não aceitou receber calor virou um piruá queimado e duro. O milho que aceitou o calor se tornou pipoca, isso é simbolismo de Obaluayê, as pipocas são as flores de Obaluayê.

Usa-se pipoca para fazer descarrego na força de Pai Obaluayê, você estoura o milho numa panela seca ou numa panela com óleo consagrado ou numa panela com areia da praia ou numa panela com azeite de dendê, estoura o milho e faz uma pipoca, você consagra.

 Como se consagra? Um exemplo:

Qualquer coisa que se queira consagrar, se faz um círculo de velas, oferece-se a um Orixá e coloca-se no meio aquilo que se quer consagrar.

Por exemplo: sete velas brancas para Obaluayê, a pipoca no meio, elevo as minhas mãos a Deus, Criador de tudo e de todos, Sua Lei Maior e Sua Justiça Divina e peço ao meu Pai Obaluayê que consagre essa pipoca, para que eu possa por meio delas, me limpar, purificar, que por meio delas eu possa também receber uma cura, receber a sua energia, a sua força. Cada pipoca, depois de consagrada, se torna um portal de luz do Pai Obaluayê, cada pipoquinha é um portal absorvendo energia negativa.

 E com essas pipocas se faz descarrego. Como é descarrego de pipocas? Pegue a pipoca e passe pelo corpo e você vai se limpando com essa pipoca, vai se descarregando, é muito usado também para cura.

Obaluayê é Orixá de cura é comum estourar pipoca, oferecer uma vela para Obaluayê, pode ser uma vela branca, pode ser uma vela metade preta e metade branca ou pode ser a cor de Obaluayê que é violeta.

Nanã Buroquê é lilás e pode se oferecer uma vela para Obaluayê com o seu nome embaixo ou nome de quem está com problema de saúde, colocar as pipocas embaixo, rezar pra Obaluayê e pedir para que ele cure porque Obaluayê também é Orixá da cura e cura é um ato de transformação.

 O que é curar? Curar é tirar a pessoa do estado doentio e trazê-la para o estado saudável, a cura é uma evolução, curar é evoluir. Obaluayê nos ajuda a passar pelas dificuldades e a doença é uma dificuldade a ser superada, quando alguém diz assim: “Estou passando por dificuldades, quem poderá me ajudar?” Pai Obaluayê.

Porque é ele quem nos ajuda a passar pelas dificuldades, em muitos momentos da nossa vida nós passamos por dificuldades e não sabemos como superar, Obaluayê que nos ajuda a passar por essas dificuldades. O grande objetivo das dificuldades em nossas vidas é nos transformar em pessoas melhores.

Não adianta você esperar apenas a dificuldade ir embora, você precisa crescer com essa dificuldade, aprender com essa dificuldade. Se você vive a vida e toda vez que vem uma dificuldade você pede para que a dificuldade vá embora sem que você aprenda, o que essa dificuldade tem para lhe ensinar? É certo que essa dificuldade vai voltar, porque você não aprendeu o que tinha para aprender.

Obaluayê nos ajuda a passar pelas dificuldades porque ele é o Orixá da Evolução. E toda dificuldade é um ponto onde precisamos crescer, evoluir, porque se naquele ponto você já tivesse evoluído, você não precisava passar por aquela dificuldade que pode ser uma dificuldade emocional, consciencial, pode ser uma dificuldade familiar, financeira, pode ser uma dificuldade de saúde.

Nós atraímos para nossa vida as dificuldades pela maneira como nos relacionamos com os outros e como nos relacionamos com a vida. Veja a forma como você se alimenta hoje o ser humano se alimenta de tudo quanto é bobagem, nós comemos tudo aquilo que agrada ao paladar, fritura, doce, produtos industrializados.

Não conhecemos o processo de industrialização desses alimentos e consumimos, colocamos para dentro, porque nós só queremos consumir. O que é que isso faz com o nosso corpo? Quantas vezes comemos por ansiedade? Por frustração? Caixas de chocolates sendo devoradas na “TPM”, na tristeza, na carência, assim como na alegria, na festa e por ai vai.

E o que estamos fazendo com o corpo? Esse corpo em algum momento começa a reclamar, a ter problemas de saúde. E a gente quer que o Caboclo estale o dedo e leve isso embora, queremos um milagre.


Obaluayê não vem apenas para tirar a doença, ele vem para curar a causa da doença e te faz crescer, evoluir, entender que você não precisa disso, não é ir lá e tirar todas as doenças, mas é encontrar a causa, que sentimento é esse que faz com que se coma de forma desregrada, que fume de forma absurda e que os nossos pensamentos sejam pensamentos doentios.

O que é que falta? Falta evoluir, falta sair dessa condição e ir para uma condição melhor. Porque invariavelmente no final da vida você vai fazer a grande passagem, que também pertence à Obaluayê.

Ele nos ajuda a evoluir, nesse sentindo também ajuda a largar os vícios porque largar um vício é sempre evoluir, não é só o cigarro, não é só a bebida, não é só a droga, a comida também é um vício, também nos alimentamos de forma viciosa, nós também descarregamos os nossos desequilíbrios na comida e nos nossos pensamentos.

Nós somos viciados em pensamentos obsessivos, isso é tão forte na sociedade de hoje que é muito comum as pessoas terem TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo - que é um comportamento obsessivo. Há pessoas que tem TOC por lavar a mão, TOC por abrir e fechar a porta, por apagar e acender a luz, pessoas que tem TOC de pensamento de estar o tempo todo pensando de forma obsessiva em alguma coisa.

Precisamos curar isso, evoluir, passar, Obaluayê ajuda a passar, ele é Senhor de todas as passagens, das portas, dos portões, porteiras, ele que ajuda a sair dessa condição e entrar numa outra condição junto com Nanã Buroquê decantando tudo aquilo que está em desequilíbrio junto com a gente.

A maior de todas as passagens é o momento do desencarne, nenhuma passagem, nenhuma mudança é tão forte na vida quanto o desencarne, que é o momento da morte e da vida. “Nascer é morrer e morrer é nascer”, no momento em que nós nascemos para esse mundo, nós estamos morrendo no mundo astral.

Morrendo no sentido de encerrar a vida anterior para poder nascer nesse mundo, a criança, quando nasce, fez uma passagem do mundo astral para o mundo material, ela está passando para esse mundo, esse é mistério de Obaluayê. E durante a vida a gente passa por várias dificuldades e a gente tem que crescer – mistério de Obaluayê.

O campo santo é de Obaluayê, ele é visto como um velho é Senhor do mistério ancião, dizer que Obaluayê é um velho não é apenas dizer que ele é um Orixá de mais idade, Orixá não tem idade, Orixá tem mistério.

 Se Obaluayê é um velho não é porque ele é um Orixá que tem muita idade, mas ele é um Orixá que tem o mistério ancião.

Nanã Buroquê também tem o mistério ancião. O que é o mistério ancião? É o mistério da maturidade, da sabedoria, nós pedimos a Obaluayê o poder de transmutação, Obaluayê nos deu o poder de evolução, que Obaluayê nos dê a cura porque a cura é a transformação da doença em saúde. A maioria das doenças que nós temos são psicossomáticas, como o câncer, que é uma grande mágoa, Obaluayê deve curar a mágoa e não apenas tirar o câncer.

Quando nós estamos profundamente irritados, nervosos, o nosso sistema imunológico cai, a primeira coisa é ficar resfriado, se você é uma pessoa que se ofende com facilidade e não pode colocar para fora o que você sente você tem dor de garganta, a cura é não se ofender e não ficar falando bobagem para todo mundo. A pessoa que tem medo do futuro pode ter problemas nos joelhos.

A dificuldade de relacionar-se com o outro, a dificuldade de se envolver, diz respeito à emoção, deixar de trabalhar suas emoções com o outro e com o mundo pode gerar pedras no rim.

Esse é um estudo feito por meio de várias literaturas, como a literatura da Louise Ray, de um livro da editora “Pensamento” chamado “Doença como caminho” / “A metafísica da Saúde” e outros títulos que falam de doença como algo que acontece por meio da sua falta de sabedoria em lidar com o seu corpo e com a sua vida.

O corpo é como uma máquina perfeita é uma máquina biológica, nós não sabemos usar, nós não usamos o corpo de forma adequada. Quando você vai num posto de gasolina, se o seu carro é álcool, você não pede gasolina; se o seu carro é gasolina, você não pede álcool.

Você precisa calibrar o pneu, trocar o pneu, precisa alinhar a roda, você precisa trocar o óleo do motor, há uma série de procedimentos para aquela máquina funcionar. E o teu corpo? Porque você não troca o óleo, não põe o combustível correto, não limpa adequadamente, não cuida e não faz manutenção do seu corpo, você come qualquer coisa, coloca qualquer coisa para dentro e coloca qualquer coisa para fora, se vicia, tem uma sujeira emocional, mental, uma poluição na sua cabeça, você não cuida desse corpo, ele vai ficar doente.

A cura é evoluir. Obaluayê é Orixá da cura, é visto coberto de palha, debaixo dessa palha está um velho cheio de chagas que são as nossas chagas, as feridas da humanidade. Ele é o Orixá médico e curador da humanidade, o vovô, o velhinho – “velhinho” porque ele tem o mistério ancião – O mistério ancião representa o mistério daquele que já passou todas as experiências que a vida pode dar.

Obaluayê é velho porque ele é Senhor do mistério ancião, ele representa aquele que já passou por tudo, e esse mistério se faz presente na linha de Preto Velho e Preta Velha.

E o velho, na nossa sociedade, é aquele que não tem mais nada para oferecer, o velho é chato, aquele que atrapalha o velho não é visto com bons olhos, ele é afastado, o velho é mandado para um lar de idosos, o velho é alguém que perturba que é esquecido, o velho é aquele que precisa de cuidados e você não quer mais cuidar dele.

O velho hoje é mal visto na sociedade Ocidental consumista, mas, nas sociedades tribais, nas sociedades indígenas, nas sociedades africanas, nas sociedades ciganas, o velho é visto como “o sábio” / “a sabedoria”, é isso que o velho representa: a sabedoria.

Obaluayê representa “a sabedoria”, aquele que já passou por todas as dificuldades e conhece as suas dificuldades e que por isso ele pode lhe ajudar a passar pelas dificuldades dessa vida, sabe que a melhor maneira de passar pelas dificuldades é aprender com elas, é se transformar é crescer, essa é a força, energia da evolução, da transmutação de Obaluayê presente na sua vida, ele é o velho e como consequência dessa sabedoria, nós alcançamos o mais alto grau que a velhice deveria dar que é o grau de “maturidade” porque muitos envelhecem, mas poucos amadurecem.

Todos envelhecemos, pessoas boas e pessoas ruins, os canalhas também ficam velhos. Mas, há aqueles que além de envelhecer, amadurecem é por isso que pedimos ajuda de Obaluayê, para não apenas envelhecer, para amadurecer e alcançar sabedoria e paciência.

Pedimos para Obaluayê “cura”, força para passar pelas dificuldades, pedimos para Obaluayê a sua presença, o seu mistério para nos ajudar a evoluir, pedimos para Obaluayê que nos dê “sabedoria”, “paciência” e “força” aqui, agora e sempre. Atotô meu Pai Obaluayê. Nós pedimos a sua benção, a sua força, a sua energia.

 Na cultura Nagô Yorubá, Nanã Buroquê é a mãe de Obaluayê e ele nasce com feridas e ele é levado por Nanã Buroquê ao mar e ali é entregue a Iemanjá.

Obaluayê é terra e água / Nanã Buroquê é água e terra, os dois estão no campo santo, mas, Obaluayê também se faz presente à beira mar. Nanã Buroquê também tem ponto de força nos lagos. A força de Nanã Buroquê é força “decantadora”, Nanã é a velha Senhora. Logo, também possui o mistério ancião, o mistério da sabedoria, tudo que falamos sobre sabedoria, ancião e velho – serve para Nanã Buroquê no aspecto feminino.

Ela tem a paciência decantadora. Antes de a gente encarnar nesse mundo, o nosso mental é decantado, todas as memórias e reminiscências de outra vida passada vão sendo decantadas no nosso mental para que ao encarnar a gente esqueça e que fique no inconsciente tudo que é das outras encarnações, isso é mistério de Nanã Buroquê, é Nanã quem decanta o nosso mental.

Nanã Buroquê nos ajuda a decantar, a acalmar, é Nanã que coloca “panos quentes” naquelas emoções em ebulição, é Nanã que nos dá essa calma, essa paciência. Nanã Buroquê é a velha senhora, a vovó que tem a energia de um lago, imagine o que é um lago, é uma água totalmente tranquila, imperturbável. Você joga uma pedra no lago, ele balança, mas essa pedra é puxada, é decantada ao fundo.

Peça ajuda de Nanã e ela faz isso com a sua mente, com a sua vida. Existe um exercício de meditação bem interessante que você fecha os olhos e imagina que a sua mente é um lago e que cada pensamento da sua mente perturba esse lago.

Quando você fecha os olhos, e imagina esse lago, na sua mente, cada pensamento seu perturba o lago. Meditar é a capacidade de fazer o lago permanecer imperturbável, é parar os pensamentos.

 Nanã Buroquê nos ajuda a nos tornarmos imperturbáveis, Nanã Buroquê nos ajuda a nos tornarmos pessoas mais pacientes. Nanã é a vozinha que tem amor de avó para nos oferecer. Nanã nos ajuda a decantar esses pensamentos obsessivos, Nanã ajuda a vencer os vícios e as dificuldades que estão impedindo a nossa evolução, nós temos apego, temos vícios, não só por droga, por bebida, por fumo, por sexo, seja lá o que for o seu vício e que fique bem claro: vício no campo sexual só é quando não existe amor, sentimento.

Não somos pudicos e nem Católicos, sexo é algo ótimo, faz bem, faz parte da vida e é para ser vivido com amor. Se há amor, não existe vício. Porque o que alimenta o vício é um sentimento negativo, é uma energia negativa e essa energia só acontece quando não há amor. O vício é classificado como tal quando você se torna dependente daquilo, quando você é dependente, quando você, privado daquilo, sofre, isso é um vício.

No caso do amor, às vezes, a relação é viciante, é uma relação viciada. Dentro de uma relação viciada existe uma relação doentia, aí sim você pode dizer que é uma relação de vício e esse vício vai se manifestar em todas as formas de relação das pessoas em que há um apego há uma relação doentia. Nanã vai nos ajudar a desapegar, Nanã vai nos ajudar a vencer esses vícios e os vícios são apegos, ela ajuda a gente a abrir mão, a soltar, a acalmar. Quando nós estamos privados do elemento do nosso vício nós ficamos ansiosos, ofegantes, nervosos, tensos porque faltou cigarro, faltou bebida, faltou sexo, faltou um apego, faltou um amor, mas não é amor, é uma paixão, um apego – faltou aquilo que lhe vicia, a comida, a gente fica tenso, nervoso, ansioso. Nanã vai acalmar, Nanã é a vozinha que vem e nos pega no colo e diz “Calma, fique tranquilo. Isso vai passar”. Tudo passa. Isso também vai passar. Tudo na vida é passageiro, a vida é passageira.

Nanã está junto de nós, quando sofremos é como se ela estivesse do nosso lado sofrendo junto e dizendo “Eu não posso fazer por você o que você tem que fazer. Eu só posso lhe dar minha força” e a força de Nanã é essa força de paciência, tranquilidade, sabedoria, de decantar essas emoções. Sua cor é o lilás, nós podemos oferecer para todos esses Orixás uma vela e colocar o nosso nome embaixo. É o básico do básico, isso é uma firmeza.

Se eu quero ajuda de Nanã Buroquê, eu posso acender uma vela lilás, oferecer essa vela a Nanã Buroquê e colocar meu nome embaixo, colocar minha foto embaixo. Eu posso oferecer flores para Nanã Buroquê junto da vela, posso oferecer água a Nanã Buroquê junto da vela, eu posso fazer uma oferenda a Nanã Buroquê, eu posso consagrar uma guia a Nanã e eu posso usar essa guia para  que a força dela esteja comigo, eu posso, por exemplo, oferecer uma quartinha a Nanã Buroquê, a quartinha é um recipiente adequado para guardar e oferecer  líquido ao Orixá.

A quartinha é um recipiente sagrado. Usa-se a quartinha quando se quer oferecer um líquido a um Orixá e por ser um recipiente sagrado aquilo fica consagrado dentro desse recipiente, nós temos quartinha de barro para oferecer pinga a Exu, por exemplo.

Por que colocar numa quartinha e não num copo? Porque o copo é um elemento profano, a quartinha é um elemento sagrado. Eu posso oferecer pinga a Exu num copo, mas, é só um copo, qualquer um chega lá, mexe no copo, tira o copo do lugar, chega à sua casa vê o copo em algum lugar, chuta o copo, o copo cai. A quartinha, não, é sagrada.

E como você usa sempre a mesma quartinha, você vai consagrando e vai ganhando força, energia, você coloca a bebida do Exu lá dentro e uma pedra, oferece a pedra e consagra a pedra a Exu. A maneira mais simples de consagrar é acender uma vela para um Orixá ou para uma entidade e pedir para que ele consagre, ajoelhe, reze e peça para que ele consagre aquele elemento. Para Nanã Buroquê eu posso oferecer uma quartinha, sete velas lilás e dentro da quartinha colocar uma pedra de ametista bem clarinha que também serve para Nanã Buroquê e adiciono água.

Posso usar água da torneira? Posso. Posso usar água mineral? Posso. Mas, eu posso ir buscar a água de um lago e colocar dentro de uma quartinha de Nanã Buroquê e oferecer a ela, rezar essa quartinha, colocar o seu nome embaixo da quartinha de Nanã, sua foto e depois pegar uma parte dessa água do lago e usar para limpar minha cabeça, para limpar minha coroa, pedir a Nanã Buroquê que me limpe que me descarregue.

A quartinha é um recipiente sagrado, nós podemos oferecer água, apenas água na quartinha para qualquer Orixá. E aí a quartinha do meu Pai Ogum, apenas uma água oferecida a Ogum e lá dentro eu posso colocar uma pedra de Ogum ou um pedaço de ferro.

Há um mistério que envolve as quartinhas e a água que está dentro de uma quartinha é uma água que só de ela estar ali dentro, como a quartinha já foi consagrada, aquela água se torna consagrada por estar dentro de uma quartinha, o uso de quartinhas na Umbanda é muito simples. É comum se colocar quartinha para o Anjo da Guarda em muitos Terreiros, não é uma regra, mas, em muitos Terreiros, no momento do batizado, a água do batizado é guardada para colocar dentro da quartinha do Anjo da Guarda.

Em alguns Terreiros essa quartinha fica no Terreiro, em outros Terreiros essa quartinha é levada para a casa do médium que é a quartinha de Anjo da Guarda que tem a água do Anjo da Guarda que vai sendo completada, sempre completada para que sempre esteja ali aquela água que passou pela sua coroa no momento do seu batizado.

Em outros Terreiros também é comum no lugar da quartinha, colocar um alguidar, a água que limpa a coroa cai naquele alguidar e aquele alguidar se torna um alguidar de força, de assentamento, de firmeza, pode-se fazer com alguidar. Mas, o uso da quartinha é uso que também faz parte da Umbanda: quartinha para o Anjo da Guarda, quartinha pra Oxalá, pra Oxum, pra Nanã, quartinha pra Exu, quartinha pra Obaluayê, quartinha pra Nanã. A quartinha – repito – é um recipiente, é algo sagrado.

A diferença de oferecer água numa quartinha e não num copo, porque o copo é aberto, é profano, é que a água da quartinha é uma água guardada, separada, consagrada, dedicada ao Orixá, fica aí a dica de fazer uma quartinha para Nanã Buroquê, você pode fazer uma quartinha para o seu Anjo da Guarda você pode fazer uma quartinha para qualquer Orixá.

A princípio a quartinha só é algo que você está colocando no lugar de um copo, ao invés de colocar um copo, coloca uma quartinha oferece com água dentro.

Com o tempo você pode consagrar essa quartinha, acender velas, e ela acaba se imantando, ganhando força e isso vai trazendo força para você.

Sempre que estamos passando por uma dificuldade quem poderá nos ajudar: Obaluayê e Nanã Buroquê – quem ajuda a fazer a passagem, o desencarne é Obaluayê e Nanã Buroquê também.

Anna Pon

(texto baseado no Curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino)



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