Oxum e Oxumaré




 Oxum e Oxumaré

 “Oxum lava meus olhos, Oxum minha emoção. Oxum flor das águas lava meu coração” / “Eu vi Mamãe Oxum nas cachoeiras, sentada na beira de um rio. Colhendo lírios, lírios yê, colhendo lírios, lírios ah. Colhendo lírios pra enfeitar o seu congá” / “Ela é uma flor no jardim do Senhor, ela é uma rosa em botão, ela é toda ternura, ela é toda candura, ela é todo amor, ela é Senhora da Conceição” / “Mamãe Oxum estrela guia dos filhos que se acham em aflição. Iluminai a nós senhora, mamãe com muito amor e proteção”.

Esses são alguns dos pontos à Mamãe Oxum, cada um dos Orixás e dos Guias de Umbanda tem pontos cantados, são as músicas de Umbanda dedicadas a eles. Uma das formas que a Umbanda tem de ensinar sobre os Orixás e sobre a doutrina da religião é por meio dos pontos cantados.

Quando cantamos para um Orixá, no canto são colocadas as qualidades, os atributos, as atribuições, até a forma de tocar mais melodiosa ou mais rápida, mais cadenciada, às vezes, um ponto mais agressivo, é para um Orixá guerreiro, um ponto que é mais doce para um Orixá mais amoroso e assim também vai se aprendendo sobre os Orixás. Os pontos de Oxum são pontos que falam do sentimento, do amor, do coração, pois Oxum é a Mãe no sentido do amor.

É a segunda linha de Umbanda ou segunda vibração, a do Amor e ali está Oxum, a mãe do Amor. Oxum é “senhora das águas das cachoeiras”, “senhora do ouro”, “senhora do amor”. É o Orixá mãe nesse sentido, como ela é universal, nós chamamos as Oxuns para amparar, sustentar no campo do amor que é o do coração. A primeira vibração ou a primeira linha é o sentido da “fé”, sem fé não existe nada no campo religioso, se não houver a base que é a “fé” e a “religiosidade”.

O segundo sentido é o “Amor”, depois vem “conhecimento”, “justiça”, “lei”, “evolução” e “geração”, são graus de importância, o “amor” só está depois da “fé”. E depois da “fé” justamente por quê? Para ter “amor” é importante crer, ou seja, não existe amor se você não crer no amor. O “amor” em si é algo que transcende as palavras.

Nós tentamos traduzir os sentimentos por meio de palavras. Mas, as palavras realmente são pobres para traduzir aquilo que a gente sente no fundo da alma, principalmente quando o sentimento é o “amor”.

Um momento de encontro com Deus, com o que é sagrado, divino, geralmente é descrito como um “momento de amor”, que na palavra dos poetas só pode ser comparado ao amor o que dá sentido a sua vida mesmo que seja um amor de um homem para uma mulher, em alguns momentos, isso é comparado ao “amor divino”, no momento em que o homem reconhece aquela mulher como presença divina na sua vida e vice-versa.

Ao reconhecer que há algo divino, naquele momento se reconhece que Deus está em você, Deus está naquela pessoa e só por uma obra divina, de algo sagrado, é possível sentir isso que é intraduzível, então, isso é o “amor”.

Os grandes mestres, sábios, místicos, descrevem o momento da iluminação, como um “ato de amor”, um “momento de encontro com Deus”, ali está a lição que não pode ser descrita, a lição que um mestre só pode passar a um discípulo pela sua presença, um mestre passa para o discípulo sem que ele possa ou consiga explicar.

Há uma passagem na vida de Buda, na qual ele pega uma flor e nenhum dos discípulos entende, ele anuncia que vai fazer um discurso e todos estão esperando que Buda faça o discurso, ele se senta e não diz palavra alguma, simplesmente ele pega uma flor, levanta e mostra a flor para as pessoas presentes, ninguém entende nada. Apenas um único discípulo olha para o Buda e começa a sorrir e aquela pessoa entende que ele estava passando uma mensagem que não podia ser descrita por palavras.

O amor é algo transcendente e ao mesmo tempo é também o que une, agrega, atrai as pessoas, é força presente na vida das pessoas, mas também presente em todo o universo, essa força que é o amor, é a força que une as pessoas, mas é também a força que atrai os planetas, é a força que atrai as partículas subatômicas ou as partículas atômicas em torno ou as mantém atraídas em torno do núcleo de um átomo, é a força que une, agrega as pessoas.

Por isso dizemos que Oxum é “agregadora”. É a mesma força ou energia que atrai um espermatozoide até um óvulo ou atrai centenas, milhares de espermatozoides em direção ao óvulo e faz com que um ou dois ou três alcancem o núcleo daquele óvulo, essa também é uma força de fecundidade, é força de “concepção”.

Este é o campo em que Oxum trabalha, o do amor e nós buscamos Oxum para agregar coisas e pessoas, para atrair. Por isso Oxum também é evocada em algumas situações: “ Se você está precisando de dinheiro faça uma oferenda a Oxum”. E aí um questionamento: “Mas, Oxum traz dinheiro? Qual a relação de Oxum, que é o Orixá do Amor, com dinheiro que é material, da terra?”

Para algumas pessoas é algo quase que profano, a primeira questão a colocar é: a Umbanda tem um olhar diferente para a vida e com relação ao espírito e a matéria, a matéria também é sagrada.

Devo tratar o corpo como algo sagrado porque ele me foi dado, me foi emprestado para que eu tenha uma experiência.

Desde a alimentação, atividade física, cuidado com a mente, com as emoções, higiene, são cuidados para com o sagrado, esse corpo enquanto Templo do espírito, deixa de ser sagrado quando é banalizado.

Da mesma forma o meu trabalho é sagrado, o resultado desse trabalho também é sagrado.

No entanto, quando se fala que Oxum traz dinheiro, traz riqueza, a palavra correta é: “Oxum atrai essa força, ela pertence a Oxum, que é também agregadora, ela atrai prosperidade”, essa é a palavra correta: “prosperidade”.

Não é que ela dá dinheiro, traz dinheiro, Oxum atrai prosperidade. Agora, qual é o raciocínio para entender por que Oxum atrai prosperidade? Porque onde você coloca amor, ali tudo prospera, essa é a questão, vou dar um exemplo: vamos supor que você tenha um comércio, o cliente quando chega, se ele é tratado com amor, respeito, ele se sente especial, ali dentro ele sente que há um cuidado com ele e o amor é o que nos faz cuidar.

Isso tudo pertence a Oxum. No momento que ele sente esse amor, há prosperidade.

Cuidado e atenção são formas de amor e, quando você tem esse amor para dar dentro de um comércio, esse comércio prospera.

De nada, porém adianta oferendar Oxum e não rever suas posturas, não ter cuidado e respeito para com o próximo, seja ele seu cliente ou não. É uma questão de padrão vibracional, ou seja, recebemos sempre o que emitimos, invariavelmente.

Cuidar com amor é uma arte, um carinho, o cuidar com amor é algo que te envolve pela alma, pelo espírito. A pessoa que cuida com amor, ela se doa, ela faz o melhor, ela cuida de cada detalhe.

Isso tudo está ligado a “Oxum”, ela cuida dos detalhes, Oxum cuida da beleza, quer ser agradável, Oxum quer agradar, isso não é pedante, isso é natural. A pessoa quando quer agradar de uma forma pedante está relacionado à vaidade e ao ego ou um desequilíbrio, uma carência.

Oxum quer agradar por isso é de Oxum a beleza, a beleza que agrada aos olhos e a beleza que agrada ao coração.

É de Oxum essa natureza, essa força daquilo que é belo, bem cuidado.

Se você trouxer isso para o campo profissional, você tem prosperidade.

Às vezes esse sentindo está bloqueado dentro da pessoa, então, pede-se para tomar um banho de cachoeira, pede-se para fazer uma oferenda a Oxum, acender uma vela para Oxum.

Como receita:

Acender uma vela cor de rosa para Oxum ou uma vela amarela ou uma vela azul são cores que se usam para Oxum e colocar mel num prato, o teu nome dentro do mel, a vela para Oxum em cima do seu nome com mel pedindo para Oxum trazer uma melhora nesse sentido do amor, do cuidado, da beleza.

Costuma se dizer assim: “A quem tem, mais ainda será dado”, “A quem não tem, até o pouco que tem lhe será tirado”. Existe um provérbio Zen que diz assim: “A quem tem uma vara lhe dê mais uma”, “A quem não tem nenhuma lhe tire o que ainda tiver”, então, assim é o amor. É, aquilo que você tem e você dá que vai se multiplicar.

 Aquilo que você tem e que você não ama, não cuida, isso lhe será tirado, as pessoas que reclamam que tem poucas coisas na vida e que vivem a reclamar, até esse pouco lhe será tirado. Agora, as pessoas que tem pouco, mas são agradecidas, são felizes muito mais lhe será dado, muito mais ele receberá porque é uma pessoa agradável, que onde ela põe a mão as coisas prosperam, as coisas vão bem.

Quando profissionalmente você está fazendo aquilo que te realiza, você faz com amor. Ninguém faz melhor do que aquele que faz com amor. Agora, nem todos tem a oportunidade de trabalhar profissionalmente com aquilo que ama, com aquilo que gosta. No entanto, é melhor você aprender a ter um bom sentimento com aquilo que você realiza porque senão até isso você vai perder.

Se você não teve a oportunidade de trabalhar com o que gosta, mas se você entender que aquele trabalho é importante para você, faça com amor, faça com cuidado, dê o seu melhor porque senão até isso lhe será tirado.

Terreiro de Umbanda é pronto socorro da vida material, da vida espiritual, da vida sentimental, da vida profissional, aonde a pessoa chega para reclamar e para dizer que está precisando disso, daquilo, daquilo outro e poucos chegam para agradecer.

Às vezes a pessoa chega com o seguinte discurso:

 “Meus caminhos estão fechados” ou “nada dá certo pra mim” e muitos já chegam pensando que precisam fazer algo no campo de Ogum porque é Ogum que vence demandas, Ogum que abre caminho.

No entanto, em muitas situações, o que falta na vida daquela pessoa é amor pelas coisas, amor pelas pessoas, amor pela sua vida.

Se você não colocar amor naquilo que você está fazendo, não importa o que seja, isso não é bem feito, não é bem cuidado, não é agradável, não atrai outras pessoas, não prospera. Então, o “amor” é força, energia de prosperidade e isso está presente em Oxum.

O sincretismo de Oxum é Nossa Senhora da Conceição ou Nossa Senhora da Aparecida que também é uma Nossa Senhora da Conceição e é um sincretismo que representa Maria, porque toda Nossa Senhora é Maria.

Oxum é sincretizada com Maria na sua qualidade juvenil porque é a idade da fecundidade, da concepção, a idade do florescer do amor em que o amor é desperto, da jovialidade.

Esse é o aspecto de Oxum: jovem, bela, delicada.

Quando falamos de “Orixá”, estamos falando de nossos Pais e Mães, divindades de Deus que atuam na nossa vida, que atuam na vida do ser humano, compreender a atuação dos Orixás, de alguma forma é também querer compreender essa relação humana com o divino, a relação humana com o sagrado. Toda a vida também é sagrada.

 O sentimento de amor, está relacionado ao chacra correspondente e não apenas com “acelerar” ou “desacelerar” o coração, existe uma glândula chamada “glândula timo” , essa glândula está diretamente relacionada a forma como você está se sentindo.

Se você está se sentindo bem, confortável, se você está se sentindo amado, a glândula timo está funcionando direitinho, essa glândula mexe com o funcionamento de vários dos nossos órgãos na maneira como a gente se relaciona, como a gente se expressa e quando a glândula timo não funciona bem, nossa forma de expressão para o mundo também não vai bem.

Sobre as glândulas, caso haja interesse em se aprofundar, recomenda-se o livro “Mãos de Luz” da editora Pensamento, a autora é Bárbara Ann Brennan.



O “amor” é algo que dá sentido para a vida, o amor é algo tão forte enquanto sentido para a vida, que algumas pessoas se matam ao perder um amor, algumas pessoas se matam depois de uma frustração amorosa ou matam por desequilíbrio de amor, por ciúme, ódio e o ódio é o amor que foi invertido, o ódio é o amor que foi frustrado, invertido porque o ódio é apego.

E apego é vontade de dominar, de possuir, quando você não consegue possuir, não consegue dominar, você tem ódio daquilo e isso é falta de maturidade. Existem vários casos hoje de agressão àquele que é diferente, eu digo que a Umbanda nos ensina a respeitar o diferente. O ideal seria amar a todas as pessoas, amar ao próximo como a si mesmo.

Como você vai amar o próximo se você não ama a si mesmo? Então, primeiro deve se amar a si mesmo porque se você não se ama, como é que você vai amar outra pessoa?

 Amar a si mesmo é um exercício. Agora, como que eu vou amar a mim mesmo se eu estou todinho mal resolvido, se eu estou cheio de complicações? Como vou amar a mim mesmo se eu não me perdoo? Como vou amar a mim mesmo se eu não me aceito? Como vou amar a mim mesmo se eu não agrado a mim mesmo em alguns momentos, se eu não me admiro?

Para amar a mim mesmo é muito importante que eu tenha qualidades e valores aos quais eu mesmo quero para mim. Existe uma relação entre o amor e a verdade, o amor é uma verdade. Mas, quando eu vivo fora da verdade eu não consigo amar a mim mesmo. E como amar o próximo se eu não amo a mim mesmo?

 Este é um estado de desequilíbrio. O desequilíbrio ou o vício no campo do amor, que é o ciúme, depois o ódio que também vem por insegurança. Existe muita insegurança de quem você é, insegurança com relação a como expressar os seus sentimentos, insegurança em relação a ser aceito ou não pelo outro.

Todo mundo quer ser aceito pelas outras pessoas e quer ser aceito pela sociedade e aí nós começamos a nos esforçar para sermos aceitos e costumamos pensar que a melhor maneira de ser aceito é ser igual a um padrão, igual aos outros porque nós queremos ser queridos, porque nós queremos ser amados, porque nós queremos ser aceitos.

Começamos a vestir papéis sociais, você começa a vestir a roupa do profissional, da dona de casa, do pai, do irmão, da pessoa perfeita que você não é e você acaba saindo da sua verdade. E a gente veste uma máscara e começa a colocar máscaras para ser aceito. E começa a se esforçar para ser aceito, já que você está se esforçando tanto para ser aceito, por estar se esforçando, no momento em que você não é aceito, você fica com raiva, você fica com ódio.

Se você é você mesmo, se você para de se esforçar para ser aceito, o que não quer dizer maltratar as pessoas, não quer dizer ser ignorante.
 Simplesmente viver a sua verdade sem querer agradar aos outros. Isso o tornará imune à raiva, ao descontrole porque você não está mais se esforçando para agradar, para ser aceito.

É assim que deve ser o “amor”, se você está se esforçando muito para agradar tem alguma coisa errada. Se você está se esforçando muito para agradar no momento em que o outro falar que não quer mais, você vai sentir raiva porque você criou uma expectativa, porque você criou uma máscara, você criou algo que não é a sua verdade.

Quando você está na sua verdade, outro pode querer estar com você ou não, você continua com a sua verdade, você ama a você mesmo porque você ama viver na verdade, porque você ama ser quem você é. E aí entra outra palavra chamada “caráter”, “retidão”, “conduta”, “ética” o amor acaba englobando tudo isso.

Você não tem que ser a pessoa mais linda do mundo para se achar bonito, você não tem que ser a pessoa mais esbelta para se ver no espelho e se agradar. Mas, você tem que ser alguém autêntico. E se você se ama, se você ama a você mesmo, você não vai sair comendo tudo quanto é porcaria porque isso é uma agressão para o teu corpo. Se você se ama, você não vai ficar agredindo o seu corpo com droga ou com outros vícios que fazem mal.

Quem ama não agride.

Existem estudos acerca da homofobia, pessoas que agridem homossexuais e esses estudos revelaram que a maioria dos homofóbicos tem uma sexualidade mal resolvida, a maioria deles tem uma homossexualidade reprimida então ele está agredindo no outro aquilo que ele não conseguiu ser.

Estas frustrações da vida nos fazem ir para a raiva e isso acontece nos nossos relacionamentos. O homem naturalmente tem mais dificuldade de falar sobre o sentimento do que a mulher, a mulher diz que o homem é mais racional e a mulher é mais sentimental. Isso não quer dizer que a mulher não tem razão ou que o homem não tem sentimento. Isso quer dizer de uma facilidade de se expressar de uma forma mais racional ou de uma forma mais sentimental.

 Há um livro do Osho em que ele faz um comentário sobre o ciúme, ele diz assim: “Um casal sai na rua e aí a mulher ou o homem acha que seu parceiro está olhando para outra pessoa e naquele momento você fica com ciúmes, mas não fala,  você tem ciúme porque o seu companheiro está olhando ou de fato ele tenha olhado e ali você ficou com ciúme e você não expressa, você não fala o que você está sentindo, quando chega em casa, esse companheiro, por exemplo, senta para ler um livro e aí a companheira, que teve ciúme, mas não expressou o ciúme, não falou o que estava sentindo, não falou do seu sentimento, guardou. No momento em que chega em casa que ele ou ela senta para ler um livro, o outro fica com ciúme do livro, vai lhe dizer que não dá atenção, diz: “Fulano, você não me dá atenção, só quer saber desse seu livro” e começa a colocar para fora uma raiva, um sentimento de ciúmes, na hora errada, no momento errado porque quando sentiu não falou, não expressou, não conversou porque o correto é sentar e falar: “Olha, estou sentindo isso, isso e isso. O que a gente pode fazer?

Quando existe amor, existe verdade, tem que ter abertura para falar o que sente. Isso tem que ser trabalhado. “Amor é algo que liberta o outro, não é algo que prende o outro” se você ama, você ama a alegria do outro, você ama o quanto o outro tem liberdade de ser ele mesmo. Porque no momento em que você se apaixona, que você ama alguém, você ama a essência, a natureza daquela pessoa.

Com o tempo você começa a ter ciúme porque todas as outras pessoas também vão amar aquela pessoa. Porque você viu qualidades nela e todos outros também vão ver essas qualidades e vão se sentir atraídos por alguém que tem qualidades. E aí você começa a querer matar as qualidades de quem você ama pra pessoa não atrair mais atenção dos outros e a pessoa que você amava está morrendo junto, você deixa de amar.

E como você está reprimindo o outro, você começa a reprimir a si mesmo, você mata as suas qualidades, as qualidades que aquela pessoa se apaixonou em você e assim é uma relação desequilibrada, doentia, que entra no campo de “Oxumaré”.

Entenda como as coisas funcionam isso se chama “imaturidade”. Acontece que a gente não nasce com manual de instrução, nós não sabemos como lidar com as coisas.

A gente entra na adolescência com uma efervescência, com uma ebulição de hormônios querendo fazer, querendo acontecer e a gente não sabe como lidar com esses hormônios, nós não sabemos como nos envolver uns com os outros de uma forma madura e aí nós começamos a nos machucar, começamos a querer tomar posse e algumas pessoas acham que podem fazer isso por meio da magia, fazer uma amarração, fazer um trabalhinho, que pode ir num Terreiro de Umbanda dizer que quer o namorado da fulana ou que quer o marido da beltrana ou quer a mulher de não sei quem, isso é imaturidade.

O amor é querer bem, cuidar, amor é um carinho, um envolvimento, amor é leve, não agride, o amor é aquilo que faz de você melhor. Por isso, num Terreiro de Umbanda não existe trabalho de amarração, num Terreiro de Umbanda não existe trabalho para destruir, atrapalhar, perturbar. Porque o Terreiro de Umbanda é solo sagrado para ensinar a você a ser alguém melhor, para você querer ser alguém melhor, querer crescer, aprender.

A característica marcante das filhas de Oxum é a vaidade.

 As filhas de Oxum são vaidosas, dão importância para sua vaidade; são mulheres que chamam a atenção pela sua beleza, não uma beleza estereotipada, mas uma beleza que vem da alma, uma beleza que no geral, pela constituição física, contam com um corpo harmonioso, que chama a atenção pelos detalhes; a filha de Oxum é amorosa. No negativo, elas são ciumentas e chorosas.

Tanto Oxum como Oxumaré tem ponto de força na cachoeira. Oxumaré é o Orixá do arco-íris, é o Orixá cósmico no sentido do amor, Oxum ampara, Oxumaré repara, retifica, conserta, ele dilui os sentimentos negativos nesse campo e ele renova o nosso comportamento.

 Oxumaré é o Orixá do arco-íris, Orixá das cores, Oxumaré é o Orixá da alegria. Na África, na cultura Gegê há uma divindade que é Oxumaré para aquela cultura chamado “Dan”. É tão importante “Dan”, naquela cultura, que daí vem o nome Daomé ou Dahomey – a cidade de Da - Dan é conhecida como a “serpente de Dan”. Oxumaré é o Orixá que traz em si essa qualidade da serpente, a energia de Oxumaré é uma energia “sepertina”, ele é representado pelas cobras e pelas serpentes.

A capacidade que a serpente tem de se renovar, de trocar de pele, lembrando que a cobra não é apenas representante do veneno, da peçonha. A cobra também é símbolo de cura, a cobra ou a serpente é símbolo de renovação, aí está a ligação com Oxumaré.

A força de Oxumaré é a força do “arco-íris”, ele é o Orixá das cores, nós afirmamos que ele está na Linha do Amor junto com Oxum, faz par com Oxum. Não quer dizer que apenas ele faz par com Oxum, quer dizer que no campo do “amor” ele faz um par perfeito com Oxum e nós afirmamos que: “É graças a Oxumaré que o mundo é colorido”.

Com essa afirmação tente entender o que é que representa pra você viver num mundo colorido, imagine como é que seria o mundo P/B, como seria viver no mundo em tons de cinza, como seria viver sem cor. Quando a gente está amando, apaixonado, dizemos “Que está colorido, tudo está muito mais colorido, tudo está muito mais brilhante, vibrante, com cores”, isso é qualidade de Oxumaré.

 Oxumaré está diretamente relacionado à alegria, ao prazer e isso está no campo do amor porque se você está realizado nos seus sentidos da vida, você está alegre, você está feliz.

Oxumaré é renovador. O ciúme é um desequilíbrio no campo do amor, o ciúme é um vício no campo do amor. No momento em que você está vibrando ciúme não tem alegria, não tem a presença de Oxumaré, tudo perde a cor.

 A pessoa que vive no desamor, que vibra ódio, que vibra rancor, raiva, não tem cor, tudo é cinza. Tanto que no mundo espiritual, para os espíritos, o corpo é um corpo plasmado, não é um corpo material, é um corpo etérico. Aquele espírito que vibra amor, que tem uma boa energia, tem luz, tem brilho e tem cor.

Espíritos, ou seja, aqueles que desencarnam com raiva, com desamor, com ódio, com rancor, eles não tem luz, não tem brilho e não tem cor na aura deles.

Um bom clarividente consegue ver a cor da nossa aura e quando você tem amor, quando você está amando, quando você tem luz, a aura é colorida.

Alguém que está vibrando raiva, ódio, tem aura densa, a energia é densa, é pesada. Oxumaré entra pra renovar essa energia, ele é o renovador do campo do amor.

Quando a gente está vibrando desequilíbrio no campo do amor, a gente pede pra Oxumaré renovar isso em nós ou quando estamos nos relacionando com alguém, essa pessoa tem um desequilíbrio no campo do amor, ciúme, raiva, ódio, a gente pede pra Oxumaré renovar, a gente pede pra Oxumaré diluir os sentimentos negativos que estão naquela pessoa.

No momento em que a gente chama Oxumaré é como que se a gente tivesse pedindo: “Me ajude para que eu consiga renovar esse meu amor, renovar esse meu relacionamento com as pessoas ou com as coisas, para que eu possa me renovar ou para que eu então saia dessa relação” “Ou renova e dilui o sentimento negativo ou afasta essas pessoas, esta pessoa ou me afaste dessa situação para que numa outra realidade, numa outra situação eu possa então conseguir renovar essa minha energia”.

Por isso, Oxumaré é cósmico, quando a gente chama um Orixá de cósmico é porque ele vem consertar, retificar. Os Orixás cósmicos são temidos por algumas pessoas e por isso eles são chamados de “Orixás de atuação ativa”, o Orixá universal é o “Orixá de atuação passiva”, mas ele te ampara em uma situação que não tem necessidade de mudança.

Você chama Oxum para ela lhe amparar no seu amor, chama Oxum para potencializar o amor, chama Oxum pra que você aprenda a lidar com o amor de uma forma mais tranquila. Mas, você chama Oxumaré pra uma mudança por isso o cósmico é ativo, ele é chamado pra causar mudança.

 Quando a gente chama mãe Logunan no campo da “fé” é para me proteger do mal religioso, para trabalhar a minha fé para que eu não me torne um fanático, para trabalhar a minha religiosidade, para consertar, retificar e se não consegue retificar nesse ambiente, tira-se desse ambiente e leva para outro ambiente, outra realidade.

Um dos símbolos de Oxalá é a estrela de cinco pontas ou cruz, o símbolo de Logunan é uma espiral, Oxum um coração, o símbolo de Oxumaré é uma serpente, isso pode ser visto nos pontos riscados das entidades.

Em nosso corpo existe uma energia que sai do chacra básico e vai subindo, serpenteando os nossos chacras. É uma energia que na cultura Hindu é descrita como três canais de energia que são: “Ida”, “Pingala” e “Shushumna”,  são duas que sobem como uma serpente em torno dos chacras e outra que sobe reto no eixo delas, uma é a “Ida”, outra é a “Pingala” e “Shushumna” no centro.

Essa energia saindo do básico e subindo é a forma de energia de Oxumaré, chamada de “energia kundalini” que muitos descrevem como energia sexual, a energia do prazer.

Prazer não é uma coisa exclusivamente sexual, você pode ter prazer no campo da fé, no campo do amor, no campo do conhecimento, da justiça, da lei, da evolução, você pode ter prazer por uma comida, prazer em passear, em viajar, em estar na presença de alguém, o prazer é satisfação dos demais campos da vida.

 Nós temos sete chacras e a energia kundalini sobe do chacra básico até o chacra da coroa, cada desequilíbrio em um desses chacras é desequilíbrio num sentido da vida, então cada desequilíbrio bloqueia a subida dessa energia.

Quando você está em harmonia nesses sentidos da vida, a energia flui, é uma energia de prazer, de satisfação. Agora, o contato amoroso, o contato íntimo, o contato de prazer íntimo também trabalha demais essa energia porque leva a um êxtase no campo do amor e o campo do amor mexe com todas as nossas energias e dá alegria, dá brilho, dá cor e tudo mais quando você está amando e sendo amado, quando você está tocando, quando você tem um envolvimento, quando você tem uma relação íntima e afetiva.

 Precisamos resolver os nossos traumas, as nossas frustrações, o que temos de reprimido. Nós temos séculos de sentimentos reprimidos numa cultura Judaico-cristã onde o sexo é pecado, o amor é reprimido, o corpo é escondido e tudo isso fica muito mal trabalhado, o amor, o sentimento mal trabalhado dentro do ser humano.

Oxumaré entra nesse campo nos ajudando a curar porque uma renovação, uma diluição nesse campo, vai ajudar a curar, é uma cura para os nossos traumas, para nossas mágoas, para as nossas dores, para que você possa viver o amor e isso representa a fluidez da energia kundalini que é o equilíbrio nos sete campos da vida, ele é renovador, renova as nossas vidas, renova a nossa visão com relação ao mundo.

 Os filhos de Oxumaré são pessoas revolucionárias, os filhos de Oxumaré enxergam à frente, os filhos de Oxumaré são aqueles que enxergam o que os outros não conseguem ver, os filhos de Oxumaré são totalmente renovadores e tem dificuldades de ficarem presos em padrões, em conceitos, em comportamentos condicionados, os filhos de Oxumaré tem essa facilidade de ver, renovar e diluir em torno de si.

Anna Pon

(baseado no Curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino)


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