Funeral Umbandista – A Morte – O Desencarne




 Funeral Umbandista – A Morte – O Desencarne

As pessoas não falam sobre a morte e a morte é a maior certeza da vida, a única certeza que se tem sobre a vida é a morte, a morte é certa.

Precisamos quebrar o tabu com relação à morte, a gente precisaria entender a morte de uma forma mais natural. Claro, que tem o problema em lidar com a saudade.

 Não dá para negar a saudade e a falta que fazem as pessoas queridas, mas é preciso lidar com a morte de uma forma mais natural porque nós vamos morrer, todos nós vamos morrer e a vida não para.

E não deve parar no momento em que alguém querido desencarna porque cada um tem algo para cumprir aqui nesse mundo, é natural que os pais desencarnem antes dos filhos, a morte de seus pais e dos seus avós deve ser encarada como algo natural, você já sabia que naturalmente eles irão desencarnar antes que você, então, devemos lidar com a morte de uma forma mais natural, ou, pelo menos, nos esforçarmos para tanto.

Há uma passagem da vida do Chico Xavier, na qual ele relata, no programa Pinga-Fogo, que ele estava num avião e em determinado momento, o avião começou a passar por uma grande turbulência, o avião voava pra cá, ia pra lá – o Chico Xavier contando isso é muito engraçado, procure se você não viu, ver no Pinga-Fogo, essa passagem  de Chico Xavier – e o comandante explica que estão passando por uma turbulência e o que pode acontecer é chegar mais cedo e as pessoas diziam:

 “Então, nós vamos chegar mais cedo é do outro lado, do lado de lá”, o avião vira de ponta cabeça, faz manobras e todo mundo fica assustadíssimo, o povo entra em pânico e começa a gritar e o Chico Xavier também começa a entrar em desespero e gritar, pedir por socorro.

 Ele conta que Emanuel entra no avião, ele vê pela clarividência e Emanuel fala: “O que foi Chico? Eu ouvi o seu chamado”, ele falou “Ué, nós estamos em desespero, estamos desesperados” e aí o Emanuel lhe diz: “Mas, isso não é privilégio seu, nesse momento muitas pessoas estão em desespero”, e o Chico diz: “Sim, mas eu sinto que há o perigo de morte aqui, nós podemos morrer.

Esse é o momento da morte eu estou desesperado, se é a morte, então eu estou com medo, estou desesperado, eu tenho medo, estou sentindo esse medo, esse pavor” e gritando também e diz que Emanuel vira para ele e diz:

“Pois então, se vai morrer, morra com educação” e o Chico diz: “Eu não sei como é que alguém pode morrer com educação”.

Então, a morte é algo que nos assusta, até para um homem como Chico Xavier que mostra a sua fragilidade diante do medo de perder o corpo ou de sentir dor.

Nós temos medo da dor, de descartar esse corpo, de abandonar esse mundo, essa realidade mesmo tendo convicção na reencarnação, mesmo tendo convicção na vida após a morte, nós temos medo do desconhecido, medo do que vai acontecer agora se eu vou morrer.

 E a morte é a grande aventura da alma aonde essa alma vai se libertar do corpo para viver uma grande aventura, mas aonde você vai sozinho, não vai acompanhado mesmo que morram, desencarnem duas pessoas juntas, pode ser que uma é atraída para um lugar, a outra é atraída para outro lugar.

No livro O Guardião da Meia Noite há uma passagem sobre a morte do Barão, o Barão morreu de inanição no livro, ele se trancou e ficou trancado no quarto até morrer, isso é considerado suicídio. E ele viu o próprio corpo ser enterrado, o próprio corpo se decompor, ele viu o corpo dele virar apenas ossos, ele viu a morte. Disse que todo aquele que é suicida se depara com a morte uma segunda vez que é ver a decomposição do corpo, sentir a morte.

Nota:
Nem todo suicida passa pela experiência acima. Há, na literatura espírita/espiritualista, outros relatos, outras experiências.
Anna Pon

Há também o livro “Memórias de um Suicida”, é um clássico do Espiritismo, de Ivone Pereira – Memórias de um Suicida – é a psicografia, autobiografada de Camilo Castelo Branco, aquele que escreveu Amor de Perdição, Amor de Redenção na época do Romantismo onde as pessoas se matavam por amor. Por amor, você não deve se matar, você deve viver por amor.

A morte é algo forte, é o momento mais forte da vida do ser humano, um dos momentos mais fortes.

Cada um encara a morte de uma maneira diferente.

 Paramahansa Yogananda que trouxe a Kriya Yoga para os Estados Unidos previu a própria morte, chamou os seus discípulos e anunciou que ele estava  próximo ao desencarne e desencarnou em paz profunda, grandes mestres desencarnam em paz profunda, dizem que Gandhi no momento da morte, quando tomou um tiro – Gandhi foi assassinado – dizem que naquele momento ele pronunciou o nome de Deus.

E há na cultura Hindu, dentro de alguns segmentos do Hinduísmo, se diz que se no momento da morte você pronunciar o nome de Deus, você não encarnará mais, a cultura Hindu lida de uma maneira com a morte diferente da cultura Ocidental.

 No Japão existe um ritual relativo ao momento do desencarne e de como apresentar a pessoa que desencarna para os seus parentes, de preparar o velório, de fazer essa relação, essa ponte.

Na China o funeral é uma festa com muita dança, com muita alegria.

 Cada cultura trata a morte de uma forma diferente.

 O estudo acerca da religião e da religiosidade, esse estudo antropológico sobre a religiosidade do homem, do ser humano, é feito por meio da Arqueologia, então você sabe sobre a religiosidade das pessoas desenterrando as suas tumbas.

Assim que o homem começa a pensar e raciocinar surge uma sociedade, quando ele começa a pensar e raciocinar sobre si mesmo, sobre a sua realidade, ele se depara com o aspecto da transcendência, a vida além da vida, onde ele estava antes de nascer para onde ele vai depois que ele morre. Existe vida além do corpo material?

A sua consciência só existe enquanto existe o cérebro ou ela é algo além do cérebro?

O que dá essa certeza para o homem de que existe vida além da corporeidade, que existe uma consciência além do cérebro físico, o que dá essa certeza são as experiências de transcendência, experiências de saídas do corpo, de desdobramento astral, de viagem astral, de desdobramento mental, sonhos em que a pessoa se vê fora do corpo, a sensação de que esse corpo vai morrer e nós vamos continuar vivos, a sensação de que tivemos outras vidas ou a certeza de que tivemos outra vida e a comunicação com pessoas que desencarnaram.

Se você tem parentes que desencarnaram e você sente a presença deles, você se comunica com eles, então, você também vai desencarnar e vai continuar vivo em algum lugar.

O homem sempre teve essa certeza desde que ele existe habitando esse mundo, a necessidade de preparar aquele que desencarna para a vida que virá depois, nisso consiste o ato fúnebre no ritual.

A ideia é preparar a pessoa que desencarna para a próxima vida, preparar para realizar o desenlace do espírito com a matéria, ajudar aquele que desencarna a seguir o seu caminho, abandonar o corpo.

O ato fúnebre vai conduzir orientar e ajudar aquele que desencarna e consolar os que ficam que é o mais difícil, o mais delicado. O ideal é que se tenha compaixão por aqueles que ficam e com uma palavra de amor, de consolo, poder, de alguma forma, confortá-los.

Todas as culturas têm um modelo de ato fúnebre religioso enfaticamente religioso ou não, diretamente religioso ou não, assim que o homem começa a raciocinar sobre si mesmo e o mundo que o cerca, ele começa a enterrar os seus mortos.

 Aqui no Brasil muitas tribos indígenas enterram os seus mortos em posição fetal, com a ideia de que eles vão nascer no outro mundo no momento em que morrem aqui. A criança quando nasce aqui, está morrendo lá.

Morrer é estar encerrando as coisas lá, terminando, deixando de viver lá pra vir viver aqui, para nascer aqui, isso é ritualizado.

O ritual marca o momento importante, a passagem: ritual de batismo que é o ritual daquele que está recebendo aquele que morreu lá e nasceu aqui; de casamento a mudança, a maturidade, a mudança de uma vida e ritual fúnebre, ato fúnebre que é a encomenda, a purificação do corpo, a encomenda do espírito, a ritualização do momento, a união, a chamada das forças para abençoar esse momento.

Cada religião tem a sua maneira de lidar com a morte, talvez a cultura que deu maior valor ao ritual fúnebre, com maior ênfase, tenha sido a Egípcia porque os Faraós preparavam durante a vida minuciosamente o seu sarcófago. Ao desencarnar o Faraó era mumificado para o seu corpo continuar intacto por baixo daquelas ataduras.

Ao desencarnar, o corpo do Faraó era todo tratado, cuidado, mumificado e colocado dentro de um recipiente no sarcófago onde há uma imagem pintada, geralmente nas múmias Egípcias que são os Faraós e pessoas importantes, eles eram enterrados com seus ouros, com seus tesouros, com a sua cultura. A história do Faraó era contada, escrita na sua tumba, ele era enterrado embaixo de uma pirâmide.

E é comum vermos os Faraós nessa posição: de braços cruzados, numa mão o Faraó está segurando o chicote, na outra mão está segurando um cajado, isto é a imagem do deus Osíris.

Osirís é o deus Egípcio que venceu a morte, marido de Isís, Osíris foi cortado em sete pedaços pelo seu irmão Seth e os pedaços foram distribuídos, a sua esposa Isís reuniu todos os seus pedaços e fez Osíris reviver, Osíris venceu a morte, Osíris é senhor das almas e do mundo dos mortos, assim como Obaluaiyê.

No momento da morte você vai se deparar com Osíris, ele ajuda a fazer a passagem, na cultura egípcia aquele que morre faz a passagem sob a proteção de Osíris, depois o seu coração é colocado numa balança no mundo de Anúbis – que é o mundo de Omulu, do embaixo – nessa balança de um lado está o coração e do outro lado está a pluma de Maat – que é como Yansã – ela coloca a pluma de um lado da balança e o coração do outro lado.

Se o teu coração for mais pesado que a pluma você vai descer aos sub mundos– aos mundos abismais. Se o teu coração for mais leve você vai subir aos mundos celestiais sob a pena e a justiça de Maat que é como Yansã e Tot que é como Oxóssi.

Na Umbanda a morte está relacionada a passagem, a pai Obaluaiyê e ao fim que é o mistério de pai Omulu.

Quem cuida da morte, do corte do cordão, do desencarne é pai Omulu, quem ajuda a fazer a passagem é pai Obaluaiyê, quem ajuda a decantar as emoções negativas é mãe Nanã Buroquê, no momento da morte é a esses Orixás que a gente pede ajuda, para aquele que desencarna conseguir cortar o seu apego com esse mundo e com esse corpo para seguir viagem, pedimos a Obaluaiyê para fazer a passagem desse mundo material para o mundo espiritual, pedimos a Nanã que ajude a decantar esses apegos, essas emoções com relação ao mundo que fica para trás e pedimos a todos os Orixás para abençoar os familiares, para acalmar os corações, pedimos aos Guias desse que desencarna para estarem juntos lhe conduzindo segundo sua necessidade e o seu merecimento, aos Orixás daquele que desencarna que o amparem que o encaminhem.

A morte é o mais próximo que a gente chega da vida, o ritual fúnebre é uma forma de ritualizar esse momento tão forte para todos nós.

É importante esclarecer sobre o que é a morte, falar sobre a morte, conversar sobre a morte, estar preparado para a morte.

É preciso lidar com a morte de uma forma mais natural, com a sua morte, com a morte de seus parentes e de quem lhe é querido.

 Boa parte do trabalho do Chico Xavier foi feito em cima de cartas dos filhos desencarnados a seus pais, existem livros e mais livros publicados com psicografias dos filhos desencarnados aos pais.

É interessante ler essas cartas daqueles que desencarnaram como realmente o natural é o pai desencarnar antes do filho, a dor da perda de um filho que desencarna é muito maior do que a dor de algo que é natural como os pais desencarnarem na velhice.

 E geralmente o desencarne de um filho, muitas vezes está ligado a um acidente, a uma situação delicada e o Chico psicografou várias cartas nesse sentido, dos filhos dizendo aos pais “Fiquem bem, sua dor, seu sofrimento atrapalha minha caminhada para onde eu tenho que ir”, depois do desencarne a gente tem uma caminhada para fazer, a dor de quem fica atrapalha aquele que vai.


O ato fúnebre é para ajudar também, ajudar a esclarecer quem fica e quem vai. O ato fúnebre Umbandista deve ser feito para aqueles que são Umbandistas, não tem sentido de fazer um ato fúnebre Umbandista pra alguém que não é Umbandista.

No momento do desencarne qual é a sequência a ser feita?

 É feito o velório, no velório é feito um ritual, feita a despedida do corpo, fechamento do caixão e aí duas opções: ou vai enterrar ou vai cremar.

Se for cremar só existe a parte ritualística do velório, ao cremar aquele corpo ele foi totalmente purificado, se for enterrar tenha uma ritualística do velório e uma ritualística do momento em que o caixão desce na cova.

O ato fúnebre está no livro “Doutrina e Teologia de Umbanda”, também está no “Manual Doutrinário e Ritualístico Umbandista” do Rubens Saraceni e também da mãe Lurdes de Campos Vieira que também é coordenadora do livro: Manual Doutrinário e Ritualístico Umbandista”, esse livro é muito bacana no que diz respeito à ritualística, ele é um verdadeiro manual do dia-a-dia de Terreiro, da ritualística, ali são descritos muitos atos fúnebres e também culto coletivo.

No velório, a primeira coisa a ser feita é a purificação do corpo, essa purificação é feita com incenso, pode ser feita com incenso de vareta de boa qualidade ou com um turíbulo, no turíbulo você escolhe as ervas desse incenso com água consagrada, com pemba, óleo e essências aromáticas, você vai incensar ou defumar o corpo, pode se cantar uma defumação ou não, vai incensar esse corpo, a ideia é limpar e purificar o corpo pra facilitar o desligamento do espírito com o corpo.

A purificação é a limpeza do corpo para limpa-lo de todos os resquícios, inclusive de firmezas, de cruzamentos que foram feitos nesse corpo, ele é incensado. Depois é aspergida a água como um borrifador, você pode fazer isso com flores também, molhar as flores e aspergir água com as flores ou com a mão, água consagrada. Você diz que com essa água você está limpando e
purificando aquele corpo com água consagrada para que o ajude a seguir o seu caminho limpando-o, livrando de antigas feituras e consagrações.

Depois com a pemba ou com o pó de pemba ou com uma pemba consagrada, que seja macia, você vai fazer o sinal da cruz, na coroa, na testa, no laríngeo e nas mãos, dizendo que com essa pemba, você está desimantando e descruzando, desfazendo as feituras e obrigações que foram feitas para esse corpo e desobrigando esse espírito de qualquer relação de submissão, de obrigatoriedade com relação a qualquer outro encarnado para que ele possa seguir o seu caminho.

Depois com o óleo, você vai também ao mesmo lugar onde fez a pemba – ou a pemba primeiro ou o óleo primeiro – ou o óleo ou com óleo ou com banha de ori, você vai também à coroa, na testa, no laríngeo, nas mãos, dizer que está ali descruzando, desfazendo as feituras, desimantando o que foi colocado, desconsagrando, livrando-o de qualquer obrigação ritualística com qualquer outro encarnado, livrando de qualquer peso ou laço que o seu espírito tenha com relação ao que tenha vivido junto desse corpo.

E depois as essências aromáticas pedindo que o seu espírito esteja onde estiver, ou seja, se o espírito estiver ali ou se estiver em outro lugar, onde ele estiver que ele receba os aromas, o perfume, o poder, o axé, a força, o mistério desse incenso, dessa água, dessa pemba que representam a magia da religião, desse óleo consagrado, dessas essências.

Assim você está purificando o corpo e pedindo que isso alcance o espírito onde ele estiver.

O próximo passo é o que a gente chama de encomenda do espírito.

 Encomenda do espírito é: primeiro nós purificamos o corpo, agora nós vamos ajudar o espírito a seguir o seu caminho, sua trajetória, ajudar para se desligar da matéria e seguir uma caminhada espiritual, é apresentação, algumas palavras também para os presentes, o sacerdote é quem faz isso, o sacerdote ou um Umbandista que está ali de coração e que tem uma ligação com a pessoa que desencarna quem faz isso deve ser alguém que conheça a pessoa que está desencarnando.

Nesse momento, o sacerdote ou quem está oficiando o ato fúnebre que não precisa ser obrigatoriamente um sacerdote, pode ser um médium de Umbanda que naquele momento pelo seu amor ou pela sua relação, o marido, a mulher, um parente, um amigo vai realizar o ato e se pronunciam algumas palavras para os presentes sobre a morte, sobre o desencarne, sobre a pessoa querida que termina uma etapa da sua evolução que vai seguir um caminho espiritual e que vai voltar a reencarnar outra vez que é a história de todos nós.

Falar é importante, ninguém fala sobre a morte, esse é o momento de falar, de contar algo, de dar um sentido, dizer que a morte tem sentido para a vida.

Osho em um dos seus livros diz: “Que se não fosse a morte, não haveria religião”, que se não fosse a morte não haveria vida nessa nossa realidade, mas que a morte dá um sentido para a vida. Se não houvesse morte, que sentido teria a vida? De fazer as coisas? De constituir família? De viver?

A morte dá sentido à vida, a morte dá sentido para a religião porque a morte dá o sentido de transcendência, de passagem, de estar aqui de passagem.

Pessoas que passaram pelo momento da morte, que morreram por alguns instantes e voltaram, várias pessoas passaram por isso, de “ressuscitar” depois de uma morte clínica, de uma parada cardíaca, do coma, muitas pessoas contam que a sua vida inteira passa pela cabeça.

Nota:
Essas são experiências de quase morte. No meu caso pessoal, por conta de uma doença grave, cheguei a “cair” no túnel que várias pessoas, assim como eu, dizem cair. É uma queda suave, nos deixamos conduzir, porém, quando não é ainda nossa hora, algo ou alguém nos chama de volta à vida. No meu caso ouvi a voz de minha filha me chamando. Ao recobrar os sentidos, ao meu lado estava, orando, uma amiga muito querida dos meus bons tempos de espiritismo.
Anna Pon

Algumas chegaram a ver um túnel de luz(como relatado acima) e entrar no túnel e depois voltar, algumas pessoas, em coma, chegaram a ir para algum lugar e lá nesse lugar encontrar um mestre, um mentor, alguém que lhe disse “Meu filho, você quer voltar? Se você quer voltar, então, pensa nisso, nisso, nisso e voltou”.

São Jerônimo conta que ele dormiu e sonhou que tinha morrido e do outro lado foi perguntado para ele “Você é cristão?” e ele disse “Sou cristão” e disseram “Não, você não é cristão porque você não vive como cristão” e ele se viu num julgamento onde Cristo estava presente, São Jerônimo viu a sua morte e pediu para voltar.

 No livro “Os Guardiões da Lei Divina”, Rubens Saraceni vê a sua própria morte, ele escreve o livro e o livro é escrito praticamente na primeira pessoa, ele vê a sua própria morte.

Há de se falar sobre isso, convidar as pessoas presentes para uma oração, a oração é o ritual falado, isto é uma oração, não importa se é prece, não importa se é cantada, convide para uma oração, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria, a prece de Cáritas ou uma oração aos Orixás, uma prece a Olorum, a Deus, canto e oração ao pai Oxalá que é o Senhor da fé. O contexto é de fato Umbandista, então, é possível cantar o Hino da Umbanda , principalmente se a pessoa que desencarna dedicou boa parte da vida a Umbanda.

Esse é o ciclo natural da vida: nascer, crescer, envelhecer e morrer, é natural.

O Hino da Umbanda pode ser cantado no ato, canto e oração a Obaluayê para que Obaluayê encaminhe, ajude a fazer a passagem. Depois, pode-se cantar e louvar os Orixás da pessoa que desencarna se é filho de Xangô, de Oxum, de Yemanjá, canta-se para seu Orixá de Frente, de Ancestre, de Juntó, fazendo ali então o pedido do amparo deles. Assim é feita a despedida, depois de toda essa ritualística se faz a despedida e cada um vai passar ali e se despedir do corpo da pessoa que desencarna.

Se for cremado, o corpo vai para o crematório ser purificado no fogo, se for enterrado, esse corpo vai para uma cova, mas existe um ritual pra essa cova que consiste em ali, na cova onde desceu o caixão, fazer um círculo de pemba e colocar quatro velas: uma em cima, uma embaixo, na direita e na esquerda e rezar ao pai Obalauyê, orar ao pai Obaluayê, ao pai Omulu e aos Guardiões do cemitério pedindo que guardem ali o corpo desse filho, que essa cova não seja espiritualmente violada, que o seu corpo esteja guardado e protegido, que a cova seja selada e cruzada, então, o sacerdote se ajoelha ali e reza diante da cova que está com quatro velas em cruz representando o mistério do pai Obaluayê, o mistério da passagem, o mistério da cruz, um círculo de pemba ralada selando e fechando a cova e ali a despedida final e o fechamento da ritualística.

Rubens Saraceni criou este modelo de ritual.

Cada Terreiro tem um modelo, uma maneira de realizar o ritual.

Existem maneiras diferentes, a gente tem um modelo aqui organizado e criado pelo Rubens que é um modelo onde passo-a passo te mostra como purificar o corpo e ajudar a encaminhar o espírito.

O que fazer com as coisas da pessoa que desencarnou?

Existem guias, imagens, coisas do santo, do Orixá, o que se faz?

A pessoa que desencarnou deixou as suas guias, objetos ritualísticos, firmeza, assentamento, imagens, todas as coisas.

Pode se fazer, por exemplo, um círculo grande de pemba, riscamos uma estrela de cinco pontas, bem grande, um circulo grande de pembas e colocamos uma vela em cada uma das cinco pontas da estrela e colocamos uma vela para o Orixá de frente, um vela para o Orixá de ancestre, uma vela para o Orixá Adjunto, dentro desse círculo são colocadas todas as guias, as imagens, tudo quanto é elemento que a pessoa tinha colocamos dentro desse círculo e ali dentro acendemos uma vela para o Caboclo, uma vela para o Baiano, uma vela para o Preto Velho, uma vela para o Boiadeiro, uma vela para cada um de seus Guias, então, no círculo estavam os Orixás, dentro do círculo os guias, ali nós nos ajoelhamos, evocamos a Deus, clamamos a Deus, sua Lei Maior e sua Justiça Divina, os pais e mães Orixás daquele médium representados pelas suas velas e pedimos que cada um daqueles elementos fossem desconsagrados, desimantados e descruzados na força de Deus e dos Orixás e que assim fosse.

 E assim, num ritual simples, fazendo um círculo com uma estrela de cinco pontas, ou ainda o círculo com uma cruz, um círculo com triângulo e colocado vela para o Orixá de Ancestre, de Frente e Adjunto, na cruz, colocado para o Ancestre dominante, Ancestre recessivo, para o Orixá de Frente e Adjunto, mas apenas um círculo de pemba com velas para os Orixás e os Guias colocando os elementos dentro, se ajoelha, clama a Deus e pede que desconsagre, descruze e desimante todos os elementos ritualístico daquele médium.

Se esse médium tinha um assentamento de Esquerda, o correto é fazer uma oferenda em cima ou ao lado desse assentamento e pedir ao Exu ou a Pombagira licença para retirar todos os elementos daquele assentamento e devolver a natureza e se faz a diligência.

Faz-se uma oferenda pedindo licença para recolher todos os elementos, o que está enterrado você desenterra, leva isso para um local da natureza onde ali você vai depositar você vai deixar ou você vai enterrar outra vez, mas na natureza, faz uma nova oferenda e pede a Exu e Pombagira que devolva para a natureza todas as firmezas, seu axé, sua força que estavam contidos naqueles elementos que voltem à natureza.

Se houver outro assentamento de Orixá e você quiser devolver para a natureza, você faz o mesmo procedimento, faz um agrado para o Orixá no Terreiro, tem uma pedra de assentamento e você quer devolver, leve essa pedra para a natureza, enterre, faça uma oferenda para o Orixá em cima e peça que aquela força, aquele axé volte para a natureza, peça que esse irmão, que era um sacerdote ou um médium desenvolvido e que desencarnou, que continue contando com a força e proteção dos seus Guias e dos seus Orixás, mas que ele não esteja mais ligado, com vínculo de apego as suas feituras e aos seus assentamentos para que com isso ele tenha mais liberdade de desenvoltura para seguir o seu caminho.

Isso é um corte dos laços, dos vínculos, muitas vezes a pessoa desencarna e não sabe o que fazer com as suas guias, com suas firmezas, seu assentamento.

Dizem que quando desencarnou, pai Jahu, que foi um dos sacerdotes Umbandistas mais importantes de São Paulo, o primeiro grande líder religioso Umbandista em São Paulo, foi jogador do Corinthians, pai Jahu foi muito conhecido, dizem que quando ele desencarnou, no outro dia, os parentes jogaram tudo no lixo suas coisas de Umbanda porque os filhos não eram Umbandistas.

 E muita gente joga no lixo, muita gente despacha no mar, pega roupa, guia tudo e joga no mar, despacha no mar, joga numa cachoeira, não precisa. Você descruza  desimanta, desconsagra, guarda de recordação e aquilo que vai estragar você encaminha, joga fora, mas não precisa despachar no rio, numa cachoeira ou no mar, não precisa.

Você faz um ritual de desconsagração, é simples, é fácil, você pode fazer, todo mundo pode fazer.

Todas as culturas e civilizações fazem rituais de passagem, os mais fortes são a iniciação na religião, no caso da Umbanda e das Cristãs é o batismo, o ritual de casamento e o ato fúnebre.

É simples, faça de coração, não tenha medo de errar, não exija de si uma super outorga dada por alguém, mas saiba que deve ser feito de coração e deve ser feito por você que conhece a pessoa que está ali tanto para o ato fúnebre, quanto casamento, o batismo, deve ser feito pelo seu sacerdote, por quem lhe conhece ou por quem lhe ama, quem é importante na sua vida.

Tudo isso é conhecimento de Umbanda, fundamentação teológica de Umbanda e este conhecimento dá base sólida e séria pra você lidar com essas questões dentro da religião sem medo de errar, sem medo de estar fazendo a coisa errada, quando tiver medo de errar faça de coração, coloque o seu coração porque a cabeça erra, a técnica falha, mas o coração não. Coloque o seu amor em cada ato da religião, coloque amor na sua fé.

Anna Pon

(texto baseado no curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino)

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