Em Defesa do Estudo e do Conhecimento da Religião de Umbanda


Em Defesa do Estudo e do Conhecimento da Religião de Umbanda

 Por Alexandre Cumino 

Houve um tempo em que nada se ensinava sobre a religião de Umbanda, muitos se justificavam dizendo que seus ensinamentos eram um segredo (eró), e o praticante, também conhecido como médium ou “cavalo de Umbanda” permanecia aguardando o momento em que “o segredo” poderia ser revelado a ele. 

Ao questionar sobre os ensinamentos ou sobre algum fundamento, era comum ouvir a frase: “Você ainda não está pronto, ou ainda não é o momento de você saber sobre isso”. O fato é que muitos foram preparados (ou “despreparados”) desta forma dentro da Umbanda. Muitos ouviram estas frases a vida inteira e hoje apenas fazem repetir a mesma frase, acompanhada de um ar de mistério e olhar inquisidor, para os que estão sob a sua orientação (ou “desorientação”). 

Conhecemos muitos médiuns que não sabem explicar a relação entre Santos Católicos e Orixás existente na Umbanda, seja ela de Sincretismo ou de Coparticipação no culto a Deus, suas divindades e seus mensageiros.

 Outros fazem confusão entre o que é um Orixá como Oxalá e Deus, que pode ser chamado de Zambi, Tupã, Olorum ou Olodumarê. 

Confundem-se ainda os conceitos e dogmas católicos com os fundamentos de Umbanda.

 Muitos batem cabeça e não sabem por que estão fazendo isso, sacerdotes que não têm segurança ou não entendem mesmo o porquê se realizar rituais de batizado, casamento e encomenda fúnebre. 

Confunde-se Umbanda, Candomblé e Espiritismo (Kardecismo). 

Encontram-se ainda perdidos sem saber como se classificam ou se devem se classificar como Umbanda Branca, Umbanda Mista, Umbanda Trançada, Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática, Umbanda Carismática, Umbanda de Raiz, Umbanda Omolokô, Umbanda de Caboclo e Umbanda para todos os gostos.

 O primeiro curso aberto para formação de Sacerdotes de Umbanda é o tradicional curso da Federação Umbandista do Grande ABC, ministrado por Pai Ronaldo Linares desde a década de 70 e que hoje está na 25ª Turma (25° Barco).

 Pai Ronaldo nos conta que convivendo com Zélio de Moraes (Fundador da Umbanda), entendeu que esta era uma vontade dele também: preparar sacerdotes que pudessem representar a religião, transmitindo-lhes o conhecimento de maneira uniforme e aberta.

 Hoje este curso está em sua 25ª edição. Pai Jamil Rachid mantém na União de Tendas de Umbanda e Candomblé os cursos de Batizado, Casamento e Funeral, aberto aos que venham a se interessar. É ministrado nos finais de semana para facilitar aos que vêm de longe para estudar e se preparar para os rituais de Umbanda. 

Muitos outros também ministram cursos de Umbanda baseados em seus conhecimentos, a maioria das Federações mantém cursos para seus filiados. Apesar de a Umbanda ser uma religião aberta, muitos umbandistas sofreram influências do ocultismo e esoterismo europeu, que zela pelo segredo. Assim, alguns segmentos preservam o conceito de ocultar os ensinamentos. 

Há os que ocultaram o conhecimento por pressão da sociedade, pela repressão e preconceito que a Umbanda sofreu, assim como há muitos que ocultaram sua identidade como umbandista bem como toda e qualquer informação sobre a Umbanda.

 Aos primeiros, podemos dizer que segredo só é segredo quando apenas um o conhece, de outra forma é notícia. 

Um exemplo disso está nos livros que foram publicados sobre Umbanda ao longo dos tempos, inclusive de autores que beberam em fontes que não tinham interesse em ser reveladas; mas logo aparece um “espertinho”, absorve “o segredo alheio” e o publica, nem sempre citando a fonte de origem. 

Ao segundo grupo, lembramos que não há motivos para nos esconder ou esconder nossa religião, temos que assumir “O orgulho de ser Umbandista”. Há os tradicionalistas habituados ao “segredo” que afirmam que “são muitos os chamados e poucos os escolhidos”. Sendo assim, quanto menos Umbandistas melhor, “sou um dos poucos”; quanto menos umbandistas esclarecidos melhor, “sou um dos raros a ter informação sobre a umbanda”.

 Infelizmente, ainda hoje convivemos com os do terceiro grupo, que até ontem pregavam o “segredo”, e hoje querem ensinar não sabem para quem, mas de qualquer forma pregam que todos são iguais, mas só eles têm a verdade, criticam tudo, todos e ainda se dizem universalistas. 

Como consequência da evolução, há uma grande maioria sedenta de conhecimento, que entende que “o saber é luz e a ignorância é trevas”. 

Devemos estudar Umbanda. Estamos na era da informação e a nova geração não aceita mais respostas redundantes, a fuga ou o esconder-se atrás de frases, “caras e bocas”. Não sabemos o que é pior: a soberba ou a falsa modéstia. De qualquer forma, a soberba atrai os soberbos e a falsa modéstia é algo que mais dia, menos dia, cai por terra. “Estudar é preciso” e é urgente em nossa religião, tanto para popularizar o conhecimento quanto para termos Umbandistas mais bem preparados para estes novos tempos. Portanto, podemos e devemos preparar melhores médiuns, com cursos, sim! Não temos como evitar que um médium que tenha estudado e até se dedicado faça alguma besteira, pois isto é humano, mas ainda assim aquele que estuda tem menos chance de errar. 

Há os que dizem que os cursos ou o conhecimento podem interferir durante os trabalhos mediúnicos. Estes não pararam para pensar que quem se permite interferir com o conhecimento também se permitirá interferir com a ignorância, portanto o risco de interferir com novas informações é idêntico às interferências com velhas e distorcidas informações. 

Nada justifica a ignorância com os fundamentos de sua religião, nada justifica o não estudar, nada justifica esta paralisia mental e até espiritual, pois espíritos evoluem e estudam. Ou alguém pensa que caboclo e preto velho nunca estudaram para fazerem o que fazem e receitarem o que receitam?

 Há quem acredite que é suficiente o conhecimento dos Guias. O que é uma verdade parcial, pois mesmo que não se tenha nenhuma informação, através da boa incorporação os guias realizam seu trabalho. 

Mesmo no mais ignorante, um sábio pode se manifestar; desde que haja afinidades de objetivos, entre eles, o de ajudar ao próximo. Neste caso temos a Umbanda como um fenômeno que “eu não sei de nada”. Porém, para tê-la como religião é preciso estudar e muito.

 No ano de 1995, mentores “de Umbanda” e “da Umbanda” manifestaram ao médium Rubens Saraceni a importância de ir ao encontro destas necessidades. Rubens já vinha recebendo informações deles pela psicografia há muitos anos, juntando dezenas e dezenas de livros que vinham sendo publicados. Ele mesmo já tinha feito o curso de Sacerdócio na Federação Umbandista do Grande ABC com Pai Ronaldo Linares e agora recebia a missão de popularizar o conhecimento aberto e irrestrito a todos que quisessem estudar sobre a Umbanda. 

Naquela época, os mentores explicaram que Umbanda não tinha nada a esconder. Era preciso multiplicar os ensinamentos e o conhecimento; nada mais seria segredo: tudo seria revelado, explicado e fundamentado. Foi então que surgiu o curso de Teologia de Umbanda Sagrada, o primeiro curso aberto desta forma e com esta proposta. Doze anos depois, é fato o grande número de umbandistas beneficiados por este curso. Também foi por iniciativa do astral que Rubens abriu o curso de Magia do Fogo, seguido de outras Magias (hoje já foram abertas 14 Magias), Sacerdócio Umbandista e Desenvolvimento Mediúnico. 

Em nosso cotidiano, quando queremos conhecer e nos preparar para algo, nos dedicamos, estudamos, lemos bons livros e procuramos cursos que nos instruam. Para nos instruir procuramos quem melhor possa fazê-lo. Algumas pessoas dedicam boa parte das suas vidas a ensinar o que sabem, a nós, resta ir ao encontro destas pessoas. Que cada um de nós avalie o que é bom, mas que avalie estudando, pois como avaliar o que não se conhece?

 Muitos de nós nos perguntamos o que fazer pela Umbanda além de nossos trabalhos no terreiro, o que fazer pela Umbanda enquanto religião? 

Primeiro devemos fazer por nós, enquanto umbandistas. Devemos estudar e nos esclarecer para ser formadores de opinião sobre nossa religião. Depois devemos sim nos esforçar em esclarecer o que é Umbanda e multiplicar as informações. Portanto, Estudar Umbanda é um começo, um meio e um destino. 

Cursos de Umbanda são essenciais. 

O estudo dentro do terreiro é fundamental para a evolução da casa; mas os estudos fora do terreiro são fundamentais para a evolução e futuro da religião. 

Um estudo aberto, que fale dos fundamentos de forma simples e que explique o trabalho que já fazemos. Não precisamos mudar nosso trabalho mediúnico espiritual, apenas entender melhor o que é a Religião de Umbanda, entender melhor o que estamos fazendo aqui, qual o nosso papel.

 A grande reclamação dos umbandistas é que não tinha estudo, esclarecimento e nem abertura de diálogo sobre suas práticas e fundamentos. Agora há. Estudo nunca é demais. 

“Estudem, Estudem, Estudem... UMBANDA!” 

Obs. Este texto foi escrito em torno de 2005, hoje (2011) Pai Ronaldo está no 27º Barco e Rubens Saraceni já alcançou seu objetivo primeiro de abrir ao plano material 21 Graus de Magia, dando sequência com outros graus.



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