Malleus Malleficarum – O Martelo das Feiticeiras (maldades da inquisição)


 
Abaixo, apenas como curiosidade, algumas passagens do Malleus Malleficarum – O Martelo das Feiticeiras que durante 04 séculos foi o manual oficial da inquisição, escrito em 1484 por Heinrich Kramer e James Sprenger. 
Mais de 100 mil mulheres foram torturadas e mortas tendo como “bula” passagens deste “código da inquisição”. Porque há coisas que não devemos esquecer, não para culpar eternamente os inquisidores, mas como lição do que um extremismo levado as ultimas consequências pode produzir no seio do que chamamos raça humana. 

Alexandre Cumino 
 
MALLEUS MALEFICARUM
 
 “A categoria das bruxas é das Pitonisas – pessoas em quem e pelas quais o diabo ora fala, ora realiza operações incríveis. É essa a primeira categoria. Já os Feiticeiros têm categoria própria, distinta da primeira. E como essas pessoas muito diferem entre si, incorreto seria incluí-las todas na categoria em que tantas outras o são. 

O Cânon, apesar de fazer menção explícita a certas mulheres, não se pronuncia de forma tão extensa a respeito de bruxas; estão, portanto, completamente enganados os que, por isso, veem no texto canônico referência apenas a viagens imaginárias e ao ir e vir no próprio corpo, e também os que reduzem toda a sorte de superstições a fenômenos ilusórios: assim como aquelas mulheres são transportadas em sua imaginação, as bruxas o são de fato – corporalmente . E aos que insistem em inferir dessas passagens que os efeitos das bruxarias – certas doenças e enfermidades – são puramente imaginários, basta dizer que erram completa e notoriamente em sua interpretação”. 

“Eis o segundo: Não obstante pensarem, as mulheres mencionadas em parágrafo anterior, que cavalgam (como pensam e dizem) ao lado de Diana ou de Heródias, estão elas, na realidade, a cavalgar com o diabo, que, tendo adotado um nome pagão, lhes faz recair todo o seu encanto.” 

“Os demônios, pelo seu engenho, produzem efeitos maléficos através da bruxaria, apesar de ser verdade não conseguirem criar qualquer forma sem o auxílio de algum outro agente, seja essa forma circunstancial ou substancial, e não sustentamos que consigam infligir danos físicos sem o auxílio de certos agentes. Mas, com a devida ajuda, conseguem provocar doenças e toda a sorte de sofrimento e de padecimento humanos, reais e verdadeiros. De que modo as bruxas (em cooperação com os demônios) empregam tais agentes e os tornam eficazes é questão de ser esclarecida nos capítulos seguintes.” (esse parágrafo do tópico Se Há de Ser Heresia Sustentar que as Bruxas Existem tem como objetivo demonstrar que muitos dos conhecimentos sobre astrologia e herbologia, tidos como verdadeiros por grande parte do clero no que chamava de “Unidade O culta de Deus na Natureza”, na verdade é arte dos demos) 

“E está de acordo com a Fé Católica sustentar que os demônios cooperam intimamente com as bruxas para realizarem certos prodígios, ou se um sem as outras – ou seja, os demônios sem as bruxas ou vice-versa – é capaz de realizá-los” (QUESTÃO II) 

“Com relação à época em que essa superstição maligna, a bruxaria, surgiu havemos primeiro de distinguir os adoradores dos demônio dos meramente idolatras. 

Vicent de Beauvais, em seu Speculum Historiale, citando muitos autores eruditos, professa ter sido Zoroastro o primeiro a praticar as artes mágicas e a astrologia. Zoroastro, conhecido como Chem ou Cham o filho de Noé. 

Segundo S. Agostinho na sua obra De Ciutate Dei, Cham, ao nascer, riu às gargalhadas, provando assim ser  um servo do diabo, e embora se tenha transformado em grande e poderoso rei, foi destronado por Ninus, o filho de Belus, que construiu Nínive e cujo reinado deu origem ao império da Assíria no tempo de Abraão.(QUESTÃO II) 

“A bruxaria se inclui no segundo tipo de superstição – no da Adivinhação – porque nela se invoca o diabo, expressamente. Aí se encontram ainda três outros tipos de superstição: a Necromancia, a Astrologia (ou Astromancia) e a Oneiromancia ( a observação supersticiosa dos astros ).” (QUESTÃO II) 

“Com relação ao quarto argumento, decerto é verdade que o diabo só se utiliza das bruxas para causar-lhes a sua própria destruição. Deduzir-se daí, porém, que as bruxas não devem ser punidas, por serem meros instrumentos que não agem por sua própria vontade, mas sim pela vontade e prazer de seu mandante principal, é conclusão a ser refutada: são instrumentos humanos e agentes livres (...)” (QUESTÃO II) 

“Na Necromancia há sempre a invocação expressa e particular de demônios, pois é atividade que implica pacto e contrato expresso com tais criaturas. Prossigamos, portanto, considerando só a Astrologia. Na Astrologia não há pacto com o diabo e, logo, não se invocam demônios: só por acaso há algum tipo de invocação tácita, já que figuras diabólicas e seus nomes por vezes aparecem em Mapas Astrológicos. Por outro lado, os sinais Necromânticos são escritos sob a influência de certos astros com a finalidade de se opor aos efeitos de outros corpos celestes”. (QUESTÃO II. 

Esse parágrafo tem como finalidade distinguir as artes mágicas mais ou menos demoníacas, todas são, mas as que invocam são piores..rssss  ) 

“É preciso observar especialmente que essa heresia – a da bruxaria – difere de todas as demais porque nela não se faz apenas um pacto tácito com o diabo, e sim um pacto perfeitamente definido e explícito que ultraja o Criador e quem tem por meta profaná-lo ao extremo e atingir suas criaturas. Pois que em todas as demais heresias não há pacto com o demônio, seja tácito ou explícito, embora seus erros e suas falsas doutrinas sejam diretamente atribuídos ao Pai dos erros e das mentiras. Ademais, a bruxaria difere de todas as outras artes maléficas e misteriosas pelo fato de que, de todas as superstições, é a mais vil, a mais maléfica, a mais hedionda – seu nome latino, maleficium, significa exatamente praticar o mal e blasfemar a fé verdadeira.”  

Por que a Superstição é encontrada principalmente em Mulheres.
 
“Alguns homens propõem o seguinte motivo: 

Existem três coisas na  natureza – as Línguas, os Eclesiásticos e as Mulheres – que, seja na bondade, seja no vício, não conhecem moderação; e quando ultrapassam os limites de sua condição atingem as maiores alturas na bondade e as mais fundas profundezas no vício. Quando governadas por espíritos do bem, atingem o acme da virtude; mas quando governadas por espíritos do mal, se comprazem nos piores vícios possíveis.”   

“A segunda razão é que as mulheres são, por natureza, mais impressionáveis e mais propensas a receberem a influência do espírito descorporificado; e quando se utilizam com correção dessa qualidade tornam-se virtuosíssimas, mas quando a utilizam para o mal tornam-se absolutamente malignas” 

“A terceira razão é que, possuidoras de língua traiçoeira, não se abstêm de contar às suas amigas tudo o que aprendem através das artes do mal; e, por serem fracas, encontram modo fácil e secreto de se justificarem através da bruxaria. Ver a passagem do Eclesiástico, já mencionada: 

“É melhor viver com um leão ou um dragão que morar com uma mulher maldosa”. Toda a malícia é leve, comparada com a malícia de uma mulher.” 

“Mas a razão natural está em que a mulher é mais carnal do que o homem, o que se evidencia pelas suas muitas abominações carnais.” 

“A causa mais poderosa a contribuir para o crescimento da bruxaria reside na rivalidade deplorável entre pessoas casadas e solteiras, homens e mulheres. Se isso já ocorre entre as mulheres devotas e santas, que dizer entre as demais ? Basta consultar o Gênese, 21.     

“Em virtude da deficiência original em sua inteligência, são mais propensas a abjurarem a fé, por causa falha secundária em seus afetos e paixões desordenados também almejam, fomentam e infligem vinganças várias, seja por bruxaria, seja por outros meios. Pelo que não surpreende que tantas bruxas sejam desse sexo.” 

“Se perquirirmos devidamente vamos descobrir que quase todos os reinos do mundo foram derrubados por mulheres. Tróia, a cidade próspera, foi, pelo rapto de uma mulher, Helena, destruída e, assim, assassinados milhares de gregos. O reino dos judeus padeceu de muitos flagelos e de muita destruição por causa de Jezebel, a maldita, e de sua filha Atália, rainha de Judá, que causou a morte dos filhos de seu filho para que pudesse reinar, e cada um deles foi assassinado. O império romano sofreu penosamente nas mãos de Cleópatra, a Rainha do Egito, a pior de todas as mulheres. E assim com muitas outras. Portanto, não admira que hoje o mundo padeça em sofrimentos pela malícia das mulheres.” 

“Como diz Cato de Utica: 

“Se pudéssemos livrar o mundo das mulheres, não ficaríamos afastados de Deus durante o coito. Pois que, verdadeiramente, sem a perversidade das mulheres, para não falar da bruxaria, o mundo ainda permaneceria à prova de inumeráveis perigos.”  

“Consideremos também o seu andar, a sua postura e o seu hábito, onde reside a vaidade das vaidades. Não há homem no mundo que tanto se dedique aos seus estudos para agradar a Deus quanto uma mulher se dedica a suas vaidades para agradar aos homens.” 

“Toda bruxaria tem origem na cobiça carnal, insaciável das mulheres. Ver Provérbios 30: “Há três coisas insaciáveis, quatro mesmo que nunca dizem: Basta !” A Quarta é a boca do útero, Pelo que, para saciarem sua lascívia, copulam até mesmo com demônios.” 
 
Qual tipo de Mulher que se entrega, mais que todas as outras, à Superstição e à Bruxaria.  
“...três parecem ser os vícios que exercem um domínio especial sobre as mulheres perversas, quais sejam, a infidelidade, a ambição e a luxúria. São estas, portanto, mais inclinadas que as outras à bruxaria, por mais se entregarem a tais vícios. Como desses três vícios predomina o último, por serem as mulheres insaciáveis etc., conclui-se que, dentre as mulheres ambiciosas, as mais profundamente contaminadas são as que mais ardentemente tentam saciar a sua lascívia obscena: as adúlteras, as fornicadoras e as concubinas dos poderosos.” 

“Existem, conforme se lê Bula Papal, sete métodos pelos quais elas contaminam, através da bruxaria, o ato venéreo e a concepção; primeiro: fomentando no pensamento dos homens a paixão desregrada; segundo: obstruindo a sua força geradora; terceiro, removendo-lhes o membro que serve ao ato; quarto, transmutando-os em bestas pela sua magia; quinto, destruindo a força geradora das mulheres; sexto, provocando o aborto; sétimo, oferecendo, em sacrifício, crianças aos demônios, além de outros animais e frutas da terra, com o que causam enormes males.” 
    
QUESTÃO XV 

   Do Prosseguimento da Tortura, e dos Meios e Sinais pelos quais o Juiz é capaz de Identificar uma Bruxa; e da maneira pela qual poderá se Proteger de seus malefícios. E também de que modo devem ser Raspados os Pelos daquelas Partes em que costumam Ocultar as Máscaras e os Símbolos do Demônio, além do devido estabelecimento dos Vários Meios de Vencer-lhes a Obstinação em Manter o Silêncio e a Recusa da Confissão. Eis a Décima Ação. 
 
“Se deseja saber se a acusada possui o poder maléfico de preservar o silêncio, que repare se ela é capaz de soltar lágrimas ao ficar em sua presença, ou quando estiver sendo torturada. Pois aprendemos tanto pelas palavras de velhos sábios quanto pela própria experiência que este é sinal quase inequívoco: verifica-se que mesmo quando a acusada é premida e exortada por conjurações solenes a derramar lágrimas, se for de fato uma bruxa não vai chorar, não obstante assuma um aspecto choroso e molhe as bochechas e os olhos com saliva para dar a impressão de lacrimejamento (....) O motivo da incapacidade lágrimas talvez esteja no fato de que a graça das lágrimas é um dos principais dons concedidos ao penitente”   

“Uma segunda precaução deverá ser observada, não só nesse momento mas durante todo o processo, pelo Juiz e por todos os seus assessores, a saber, que não devem se deixar tocar fisicamente pela bruxa. Devem evitar sobretudo qualquer contato com os braços nus ou com as mãos; devem ademais sempre trazer consigo um pouco de sal consagrado em Domingo de Ramos e algumas Ervas Consagradas. (....) Mas que não se pense que o contato físico com as juntas e com os membros seja a única coisa a ser evitada; às vezes, com a permissão de Deus, e com o auxílio do demônio, elas são capazes de enfeitiçar o Juiz ao mero som das palavras que dizem, especialmente no momento em que são submetidas à tortura.” 

“A terceira precaução a ser observada nesta décima etapa é que os pelos e os cabelos devem ser raspados de todo o seu corpo. A razão para isso é a mesma porque se deve tirar-lhes as roupas, que já mencionamos; pois para conservarem o poder do silêncio têm o hábito de esconder objetos supersticiosos nas roupas e nos cabelos, até mesmo nas partes mais secretas do corpo, cujo nome não nos atrevemos a mencionar. 

Ora, nos domínios da Germânia, a raspagem dos pelos, sobretudo das partes íntimas, é conduta considerada indecorosa, e, portanto nós inquisidores não a empregamos; mas costumamos raspar-lhes os cabelos e também, depois de colocar um pedaço de Cera Consagrada numa xícara com  Água Benta, invocando a Santíssima Trindade, damos-lhes dessa água para beber três vezes, de estômago vazio, e pela graça de Deus temos conseguido que muitas rompam o silêncio. Mas em outros países os Inquisidores ordenam a raspagem de todos os pelos do corpo. O Inquisidor de Como nos informou que no ano passado, ou seja 1485, mandou quarenta e uma bruxas para a fogueira, depois de terem tido todos os pelos completamente raspados.”  

Quanta barbaridade a humanidade já produziu por ignorância ou interesse.
Cada ação, porém, fica gravada em nosso espírito e a hora do acerto de contas chega para todos.
Pensando em reencarnação, a justiça Divina certamente colocou esses homens - inquisidores - frente a frente com suas próprias consciências e, talvez, alguns, renasceram do ventre dessas mulheres que foram torturadas e sentenciadas à morte por eles para experimentarem a força do amor como uma chance de redenção. 
Essa é uma entre muitas possibilidades. É claro que tudo depende de programação carmica, mas uma certeza fica: 
A justiça Divina jamais ignora nossas ações, nada fica impune, por isso quando vemos alguém sofrer muito sendo injustiçado, humilhado ou desprezado pela vida, nunca sabemos o que na realidade essa condição "esconde". Mesmo assim nosso dever, como espíritos que buscam a evolução pelos caminhos do bem, da justiça e da verdade, é procurar de alguma forma auxilia-los sem nos deixar, porém, levar por suas queixas.

Anna Pon
 

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