Prova de fé






PROVA DE FÉ
Vovô Florentino de Agodô 
por Douglas O Elias 

Ele firmou direito como bem sabia, afinal, médium dedicado na Gira, digno instrumento dos Seus Guias para a Luz de Olorum e dos Sagrados Orixás a brilhar na vida das pessoas.

E naquela semana, na manhã que se ensolarava, orava na gratidão da vida, pedindo proteção para cada Orixá entre outras que necessitava.

Orou assim :

“... Que meu pai Oxalá me enalteça na Fé. Ogum, me proteja na Lei. Xangô que me dê equilíbrio na Justiça Divina. Oxóssi, na saúde e na fartura me permita a tê-las. Oxum, que me dê amor. Obaluayê, transforme em paz o que for ruim e Iemanjá me faça criativo e me gerem prosperidades. Exu, Pomba-gira e Exu Mirim, pelo meus Guardiões, tome conta de mim, me livrando das maldades... Sarava!”

E dirigiu-se para seu trabalho profissional.

Porém, logo na saída de sua residência, se destemperou com sua esposa que lhe reclamava algo necessário para sua família. E a esculachou ralhando ingratidões se dizendo ele o chefe da família, deixando-a chorosa e preocupada.

Aguardando a condução, não entendeu vendo o vizinho dirigir seu automóvel que não o percebeu, concluindo que este fingia para não lhe dar carona e num palavrão silencioso ofendeu, irradiando energias trevosas.

Logo chega o ônibus daquela povoada cidade que lotado no horário que todos tinham compromisso, e conseguindo nele entrar, sentiu no apertamento um empurrão e o piso no seu calo de estimação. Não ouviu o pedido de perdão de um senhor e disfarçando, devolveu-lhe forte cotovelada e outros dois empurrões, ficando a olhar com jeito de deboche o idoso que quase sem poder respirar, se esquivava com medo de outras violências.

Um tanto nervoso, chega atrasado ao seu posto no local de trabalho e o vê ocupado por um subordinado que lhe cumprimentava mas este, deduzindo erroneamente ter sido despedido, ralha insinuações e sem tempo de resposta, ao auxiliar promovido defere-lhe um tapa, além do rancor e sentenças de má sorte.

Procura o chefe mas este não está. Encaminha-se ao dpto. do pessoal e lá é esclarecido que fora transferido para melhor função, mas não se encantou com a promoção, praguejando a gentil senhora que lhe dava a papelada para aceite, o que não concordou, ofendendo-a e pedindo a demissão.

Resolveu fora da empresa, aguardar seu superior tentando relaxar no bar da moda da esquina mas foi logo ser servido o café pedido e vem uma senhora implorando um valor qualquer se dizendo desempregada e com necessidades de alimentação, ganhando dele ofensas várias e atirando-lhe a bebida quente, lhe feriu e queimou, satirizando em meio a todos que via perplexa, a pobre se retirar chorosa e sem compreensão.

Recebeu outro café. Tomou-o e no passeio, acendeu um cigarro, encontrando o mesmo amigo da pretendida carona a saudá-lo, fraternal, recusando o cumprimento, cobrando dele a falsa ingratidão, lhe deixando nervoso pois questionava a ajuda que antes fizera conseguindo emprego para o amigo. Na insistência deste querendo explicar que não havia lhe visto, se destemperou e saiu acelerado, preferindo aguardar num banco de uma praça.

Achou que talvez ali teria encontrado alguma tranquilidade e, vez por outra, retornava a empresa requisitando seu chefe que passadas as horas, ainda não havia retornado. Teimoso, ficou naquele banco de praça, até o final do dia, intervalando cigarros com balas e outros petiscos e café comprados no mesmo bar.

Já cansado, não conseguindo refletir corretamente, ativou-se na sua libido ao ver linda mulher se aproximar e na licença, sentar-se ao seu lado. Iniciou a conversar com a donzela, dedicando afetos e elogios, comparando-as com sua dedicada esposa nos seus talentos sensuais e convencendo-a, permitindo beijos e afagos, recolheram-se discretamente num charmoso hotel.

Passadas algumas horas do seu deleite infiel, acordou só e no embaraço de se ver otário já que ela lhe havia furtado os valores, documentos e os pertences. Só com a roupa do corpo, conseguiu explicar para o gerente do lugar e pensou se socorrer na empresa, porém, iniciada a noite, o expediente havia encerrado. Não havia ninguém.

Resolveu retornar à sua residência mesmo a pé pois julgava não precisar de ninguém e afinal, não muito longe e assim prosseguiu, porém, ao caminhar pensando em cortar caminho por uma viela próxima a um Campo Santo, foi interrompido por um grupo de assaltantes que o interceptaram e vendo que nada de valor possuía, lhe bateram odiosos, se salvaguardando pelos gritos de um mendigo que ali era vizinho.

Este o ajudou e colocando-o sentado num colchão abandonado, deu-lhe água e verificou apesar do sangue e luxações, estar bem.

Choroso e com dores, desabafou para o homem simples :

-Eu lhe agradeço pela tentativa de ajuda mas deixe-me agora pois você é um mendigo. Sinto náuseas só de olhar para você.
Ouviu :
-Confunde-se meu senhor pois não sou mendigo neste sentido. Sou Morador da Rua. Tenho um trabalho honesto e moro neste quarto que me permite meus ganhos a morar com dignidade. Não queira me julgar pois só eu sei das razões que me colocaram nesta situação e sou grato a Deus por tudo!
-Você vem me falar de Deus? Fique sabendo que sou UMBANDISTA, sou Médium e tenho a proteção dos Meus Orixás!
-Pois, como disse, eu também as tenho, mas se está nesta situação, cadê a sua proteção?
-Isto que houve comigo, deve ser magia negra dos meus inimigos. Este dia deu tudo muito errado. Vou devolver e meus Guias farão de tudo para acabar com meus inimigos.
-O Senhor tem certeza do que fala? Será que realmente entende o auxílio pedido a seus Guias?
-Sim. Eu faço minhas orações com devoção e muito respeito. Conheço Tudo da Umbanda e ajudo muita gente nas Giras de Atendimento para que não tenham um final como o seu, mendigo arrogante!
-Pois é bom que reconheça mesmo assim, ter recebido as Proteções pedidas, apesar da sua teimosia em contrariar na pratica da sua vida, Os Senhores Sagrados Orixás da Fé.
-Como? O que disse? Conhece algo da Umbanda Sagrada?
-Sim, como disse, Deus é Divino. Os Orixás também!
-Já que esta afirmando que contrariei meus Guias dos Orixás, diga-me então, como eu fiz isso, se eu sou um dedicado médium na Caridade de atendimento na Umbanda e assim faço minha parte?
-Acredita mesmo que faz sua parte? Saiba que não faz nem uma fração dela! E o que pensa que dedica na Gira Sagrada, recebe muito mais os benefícios do que os dá. Entenda uma coisa: O Senhor pediu a Fé, a Lei, a Justiça, O saber, a Criatividade, o Amor, a proteção das Forças dos sentidos e das realizações, na Força dos Sagrados Orixás, não foi?
-Sim?
-Mas não as praticou pois deveria ter confiado nas pessoas, tendo bom caráter. Desequilibrou relações de amizades, de família e profissionais. Nem se lembrou da pratica do saber da caridade, da paz e do amor. Evitou todas as intuições boas que poderiam lhe livrar criando alternativas para não realizar ações ruins. Você fez da força Divina, um inferno na vida de muitas pessoas, conquistando este inferno em sua vida.
-Mas, eu não tive culpa. Isto são as Sombras que sempre me perseguem pois sou medianeiro da Luz da Umbanda.
-As sombras sempre perseguirão, mas não se aproximarão quando o médium que diz que é, se esforça para praticar na sua vida, os caracteres que aprende de Cada Orixá que louva. E se tem fé Neles, sabe que nada de mal irá para si sobrar.
-Então? Mas? Senhor?
-Já deveria saber que todas as pessoas que tem fé, devem pratica-las na vida, ajustando nos bons comportamentos.
Mas um UMBANDA! Este não pode mais errar neste sentido pois traz Todo o Poder em Si de Todos os Orixás, razão de ser que o distingue das outras por ser uma religião de PRATICA, Divina, Infinita de diretrizes corretas onde um UMBANDA pode ativar Todo o Poder do Mistério Orixá para beneficiar a vida das pessoas.
Não é só na Gira que comunga que os Orixás vêm em Terra através dos Seus Guias . Lá, o alcance é ainda maior, porém, como no Sagrado Cântico “Levar ao mundo Inteiro a Bandeira de Oxalá”, significa a credencial que o faz um UMBANDA onde Nosso Pai Olorum e Nossos Pais e Mães Orixás, confiam as Chaves das Forças Divinas que devem auxiliar muitas pessoas, além de si.
-Puxa! E eu não o fiz!
-Sim, você não o fez, mas poderá se redimir pois têm proteção, porém, não deve mais bobear.
O UMBANDA não é instrumento das sombras e sim, da LUZ.
A Prova da Sua Fé é sua VIVENCIA, seu dia a dia, onde alguns erros são permitidos e até corrigidos sem necessidade de ocorrências pesadas, porém acreditar que se é da UMBANDA, não o faz um “UMBANDA”, mas a Sagrada UMBANDA necessita de médiuns compromissados na dedicação do que pregam, praticando em sua vida, sendo bons exemplos para todos. Não é só na Gira.
-Eu lamento, senhor, mas me diga! Sei que não é um mendigo. Quem o senhor é?
-Sou seu Guardião da Esquerda, na Firmeza de Todos os Orixás e me dedico às Almas que ainda têm salvação, como a tua, filho do Senhor Exu Tranca Ruas das Almas...vá agora e conserte o que fez de errado e tenha os caracteres dos Orixás que conhece muito bem, como objetivos que têm que praticar na sua vida. Senão não haverá como através de si, a Luz Ligar e nas trevas, se imantará.
O Homem saiu mancando e dolorido, mas jubiloso na alma pois tinha ali conquistado a duras penas, um grande ensinamento para sua vida.
Reconsiderou o que tinha feito errado e hoje, vemos o feliz UMBANDA e UMBANDISTA compreensivo, educado, bom ouvidor, sem melindres, humilde e é exemplo para muitos que o copiam e o respeitam pois consegue fazer milagres como instrumento dos Orixás Divinos.

Laroyê Exu. Saravá ao Senhor Tranca Ruas das Almas !

Vovô Florentino de Agodô 
por Douglas O Elias 


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