Xangô e Oro Iná/ Egunitá
A linha da Justiça é a linha do fogo, existe um simbolismo muito forte entre o fogo e a justiça. Xangô se faz presente nas montanhas e pedreiras, remete àquele momento Bíblico no qual Moisés sobe a montanha para receber a pedra da lei, esta é a força de Xangô, a força da justiça.
A justiça aplica a lei. Às vezes há um pouco de confusão: O que é lei? E o que é justiça? Justiça é aplicar a razão.
A lei é executar justiça. A justiça diz respeito a pesar, avaliar, colocar na balança. A lei não, a lei é a ordem, a espada, é a execução, a lei é o guarda, o soldado, o policial. A justiça é o juiz.
Justiça é o próprio equilíbrio do universo, das forças do universo, é a graduação das energias..
É o fogo que aquece e que mantêm esse universo vivo. O fogo muitas vezes alimenta, parece inclusive que é o fogo que dá vida. Nós dizemos “Todos nós somos centelha do Divino Criador”, “centelha” é algo que nos remete a ideia de fogo, de chama onde está a justiça que é algo que queima, sustenta, que ampara.
Xangô é universal no sentido da justiça, os símbolos de Xangô são a balança no equilíbrio e o machado de dois cortes.
Pertence a Xangô a capacidade de julgar, não pertence a nós encarnados, nós não devemos julgar. Mas, devemos pedir a Xangô que nos dê a capacidade de colocar as coisas na balança, de avaliar, que nos dê o senso, que nos dê força para saber quais as coisas que a gente pode mudar e dê sabedoria para aceitar todas as outras, que nos dê um senso de avaliação.
Na cultura Nagô Yorubá, Xangô foi rei da cidade Oyó e ele é considerado alguém que, se foi encarnado, se tornou uma divindade.
Quando falamos em Xangô, estamos falando do “Orixá Masculino da Justiça”, estamos falando do Deus da Justiça, aquele que encarna todas as qualidades relacionadas à Justiça Divina, ele é universal e Egunitá é cósmica.
Quando precisamos do amparo da Justiça Divina é a Xangô que pedimos a força, o amparo, a sustentação, enquanto universal, ele é sustentador do nosso racional, do nosso equilíbrio, quando na vida não estamos agindo de forma racional o suficiente, devemos pedir ajuda a Xangô.
Se você está sendo muito emotivo e não está conseguindo pesar e medir as situações da sua vida, peça amparo a Xangô, ele também ajuda em questões judiciais.
Dizemos que Xangô é passivo porque ele é o Orixá universal, ele é amparador, mas não tem como a justiça ser passiva o tempo todo. Xangô põe na balança.
Na Umbanda se usa muito uma frase: “Quem deve paga, quem merece recebe”, isso está relacionado a Xangô.
Busca-se muito Xangô em momentos da vida em que a pessoa se sente injustiçada e para ajudar em questões judiciais.
A estrela de Xangô é a de seis pontas, é a estrela que simboliza: “No alto como no embaixo”.
A Justiça é imparcial: “Tanto no alto como no embaixo devemos usar o mesmo peso e a mesma medida”.
Não se deve usar dois pesos e duas medidas porque no momento em que nós fazemos isso estamos sendo parciais, estamos favorecendo alguém e é muito comum querer nos favorecer em detrimento do outro, apontar o dedo para o outro esquecendo que quando apontamos o dedo para o outro, três dedos estão apontados para nós.
É um desequilíbrio no campo de Xangô julgar as pessoas quando você não é chamado, quando não é a sua função, não é o seu papel “julgar”, esse papel é de Xangô.
Pedimos a Xangô que nos dê a capacidade de senso de justiça maior, uma capacidade de razão, de racionalização das coisas.
Estar desequilibrado é principalmente movimentar-se e agir pela emoção.
Xangô nos ajuda a agir pela razão, traz equilíbrio. Por isso ele é passivo, porque ele põe o “pano quente”, no primeiro instante, para que você se oriente pela razão, mas não põe “pano quente” na injustiça.
Xangô acalma o seu ânimo porque você está agindo de forma muito emocional, perceba, quando nós estamos com raiva, frustrados, magoados, estamos agindo de forma emotiva e emocional, nós nos tornamos cegos, nós não enxergamos, nós perdemos a capacidade de julgar, a capacidade de avaliar, de raciocinar.
Xangô é aquele que mesmo no calor da emoção nos chama à razão, nos traz a razão, ele faz com que a gente aterre um pouco essas emoções desequilibradas em ebulição para agir de uma forma racional.
Pedimos a Xangô que nos dê essa razão. Xangô foi um rei e ele é comumente chamado de rei, então se diz “Ka ô Ka becili yê Xangô” que é um pedido para estar de frente com o rei e as pessoas costumam saudar a coroa de Xangô, que é a coroa do rei.
Pertence a nobreza no sentido mais especial da palavra “agir com justiça” perante o mundo. A justiça é nobre.
Agir com justiça e verdade, aqui mais uma vez a palavra verdade está presente em todos os Orixás. A Justiça e a Verdade, a sua justiça e a justiça do outro. Muitas vezes, a gente se coloca no lugar do outro, dizendo assim “Eu no lugar dele faria assim, assim, assim”.
Colocar-se no lugar do outro é importante, agora, mais importante ainda é saber que o outro não é você, que você no lugar do outro não é o outro.
Respeitar o outro não é respeitar o que você faria no lugar do outro porque o que você faria no lugar do outro, não é o que o outro faz. O outro tem uma história de vida, tem uma condição, tem valores diferentes dos seus.
Xangô nos ensina a respeitar o outro, Xangô nos ensina a usar a balança, a
entender os valores, Xangô nos ensina a não fazer juízo onde não se foi chamado.
Valores são diferentes de uma pessoa para outra.
Muitas pessoas acham que uma vela acesa para um Orixá é pouco, que você tem que fazer um super trabalho, um mega trabalho, um hiper trabalho e há quem só acredita receber ajuda se pagar alguém e onde há procura, há oferta, porque se não houvesse procura não haveria oferta e existe muito do que se chama de “mãe e pai de poste”, que são aquelas placas nos postes que dizem que fazem e desfazem qualquer trabalho, no fundo são magias que se movimentam pelo ego, pela vaidade, para segurar o outro, destruir fulano, prejudicar beltrano, isso é magia negra, magia negativa e ainda se gasta dinheiro para fazer isso.
Mais vale uma única vela acesa com a sua fé, com o seu amor, do que pagar alguém para fazer algo que você não sabe como está sendo feito, que não tem amor, que não tem entrega, que não tem justiça, tenha fé em Deus e tenha fé nos Orixás, acredite que com uma vela para um Orixá, muita coisa pode acontecer, antes de sair pagando trabalho, primeiro veja se o que você está pedindo é justo.
Primeiro questione se você está na sua verdade, sinta no seu coração se é uma necessidade, veja se é justo, se está de acordo com a sua verdade e se é uma necessidade, peça a Deus que se for do seu merecimento que na força de Xangô você alcance o que você está pedindo.
Se for do seu merecimento, no campo da fé, peça a Oxalá ou a Logunan. Se for do seu merecimento no campo do amor, peça a Oxum, ou peça a Oxumaré.
Quando pedir para consertar algo, para corrigir, é para o Orixá cósmico que se pede, no campo do amor, por exemplo, se você quer corrigir alguma coisa, consertar, retificar, diluir um sentimento negativo, peça a Oxumaré. Se você está pedindo um amparo, peça ao universal, Oxum.
Pedir a Oxossi, por exemplo, força, fartura, é muito simples, basta uma moranga (daquelas morangas usadas no “halloween”), cozinhe de leve, corte a tampa, abra por dentro, coloque, dentro dela, uma canjiquinha amarela, alguns cravos por cima e isso serve como oferenda a Oxóssi, coloque uma vela verde de sete dias dentro dessa moranga aberta, ofereça a Oxóssi e peça que em nome de Deus, Pai e Mãe Criador de tudo e de todos, da Sua Lei Maior e da Sua Justiça Divina que dentro da sua necessidade, do seu merecimento, da sua verdade, Oxóssi traga fartura para sua vida, que lhe dê força de caçador, que limpe, descarregue toda energia negativa no seu lar e com essa moranga na mão ande, passando por todos os cômodos da casa pedindo que a energia de Oxóssi, da fartura, do caçador, envolva todo o seu ambiente, toda sua casa.
Você tem o símbolo, você tem o signo, tem a estrela que você, na FÉ, pode riscar. Se você conhece e é simples, faça na sua FÉ, dê contas, preste contas a Deus na sua FÉ.
É comum as pessoas crerem que fulano ou beltrano é injusto e ainda assim não paga pelo que faz. É comum acreditar que ciclano faz magia negra e que nesse mundo ele não está pagando pelo o que ele está fazendo. É comum crer que podem fazer trabalho para prejudicar o próximo e sair ileso, outros acreditam que aquelas pessoas que prejudicam o próximo saem ilesos da Justiça Divina.
“Ninguém sai ileso” porque o nosso maior juiz é a nossa consciência, lá está Xangô, na consciência de todos os seres humanos, no seu senso de razão, ali está Xangô.
Quando você faz algo de ruim, negativo, você atrai para sua vida o negativo, isso é Justiça Divina que não se pode negar, não queira fazer justiça com as suas mãos e não pense que aquela pessoa que age de má fé, com injustiça, que ela não está pagando porque uma pessoa injusta, interesseira, que não se preocupa em prejudicar o próximo, que não tem ética, essa pessoa também não tem amigos.
Uma pessoa que não é digna de confiança porque age com injustiça, também não tem em quem confiar, essa pessoa acaba os seus dias sozinha. Aquela pessoa que acende uma vela para prejudicar o próximo, que pragueja que maldiz a pessoa que deseja o mal para o próximo, essa pessoa não tem paz no coração e na cabeça, não tem tranquilidade.
Aquele que faz trabalho de amarração para o amor não cresce no sentido do amor, se torna imaturo, se torna ou permanece inseguro, instável. Aquele que pretende prejudicar o próximo, como sempre com os três dedos apontados para si mesmo, está se prejudicando.
E tudo aquilo que você recebe mesmo aquilo que você recebe de ruim, de demanda, de trabalho feito, tudo isso que você recebe tem um porquê de ser na sua vida porque está te ensinando algo.
É na dificuldade que a gente aprende, as lições mais assimiladas são aquelas que vem na dificuldade, nós vivemos num contexto em que se colocam várias leis: lei de afinidade, lei de ação e reação, lei de reencarnação, lei do Ka rma e essas leis estão de acordo com a Justiça Divina.
A própria ideia, o conceito de reencarnação em si é a execução da Justiça Divina, estamos falando de “Justiça de Xangô”.
Ninguém nasce onde nasce da maneira como nasce, no contexto em que está nascendo por acaso. Ninguém nasce com dificuldades por acaso. O que nós somos na nossa essência nos direciona para onde está a melhor lição a ser aprendida, então se a gente nasce num contexto de dificuldade é porque tem uma lição para ser aprendida ali, se a gente passa por dificuldade é porque existem lições para serem aprendidas nessas dificuldades.
Quando a gente age de forma negativa com o semelhante, injustamente, atraímos a injustiça, o negativo para a vida e as coisas que você não aprende quando tem esse retorno, você não aprende nessa vida, você aprende na outra.
Por isso o ciclo reencarnatório é uma execução de uma lei, de uma ordem, de uma Justiça Divina incrível, de uma sabedoria que transcende o que a gente chama de sabedoria.
Acredita-se e se afirma que o karma é resultado das nossas ações, ou seja, dos nossos pensamentos, dos nossos sentimentos, das nossas palavras, das nossas ações, o resultado é karma, positivo ou karma negativo.
Alguns chamam o karma positivo de “dahrma” e karma negativo de “karma”, a palavra vem do Sânscrito, da cultura Hindu.
A tradução literal dessa palavra é: ação ou trabalho, karma quer dizer ação, uma ação positiva atrai outra ação positiva, uma ação negativa atrai outra ação negativa, isso é “lei de ação e reação”, “lei de afinidade”, pessoas que têm a mesma energia se atraem lei da afinidade, o karma.
Apenas não confunda “karma” com o “pecado Católico”.
O “pecado” é um conceito judaico-cristão de algo que você faz e que ofende a Deus.
Como posso eu ofender a Deus, o ser Criador, o poderoso, o meu Pai?
Quando nós erramos não estamos ofendendo a Deus, quando nós erramos estamos diante de Deus como crianças diante de seu pai, Deus nos olha e vê que faz parte do processo de aprendizado. Nenhum de nós é prefeito, nós não somos seres iluminados, somo pessoas comuns.
O karma é uma coisa natural, agora o karma pode ser queimado, purificado, esgotado.
Eu fiz algo de ruim a alguém, por quê? Por imaturidade, por ignorância, mas no momento em que eu cresço, amadureço que eu aprendo me conheço, eu deixo de fazer o mal e passo a fazer o bem.
Então aquele karma também pode ser queimado, purificado, não tem mais razão de ser. O karma não é apenas resultado de uma ação negativa, o karma é resultado de um ser que está negativo. Quando esse ser deixa de estar negativo, e se torna positivo, aquele karma desaparece.
Por isso que o perdão existe.
Perante a Lei Divina a pena não cessa enquanto não houver arrependimento sincero. E a pena está na alma porque você carrega na sua alma o peso das suas ações, está na sua alma. Agora, quando há arrependimento sincero, você se transforma e deixa de ser aquele que agredia para ser alguém que quer ajudar, que quer fazer o bem.
Podemos dizer que esse karma está sendo pago com ações positivas.
Acredita-se que há duas maneiras de pagar um karma: ou você paga um karma sofrendo ou você paga um karma fazendo o bem ao próximo. A pessoa que se arrepende começa a fazer o bem e seu karma vai sendo quitado, purificado, esgotado.
Portanto, não confundir “karma” com “pecado”.
“Pecado” é uma ideia Católica, remete ao inferno e às penas eternas, já, no Espiritismo, fala-se do karma, não em pecado e nem em inferno.
Na Umbanda temos: “Se você errou peça perdão a Oxalá para depois pedir a Xangô lhe ajudar porque Xangô é a Justiça”.
Antes de se ajoelhar diante da Justiça, peça perdão pelos seus erros, antes de apontar o dedo para o erro do outro. E não chame Xangô para vingança, chame para equilibrar.
Fazendo par vibratório com Xangô nós temos Oro Iná que é Egunitá.
Oro Iná na mitologia Nagô Yorubá é um dos Orixás primordiais do início dos tempos quando não existia nada, quando esse planeta era só terra e água, Oro Iná já estava no centro do planeta como o fogo da lava que vem do centro do planeta, o fogo que está no sol, que queima, abrasa e que fez levantar terras, montanhas, vulcões.
Oro Iná, no início de tudo, faz separar a terra da água marinha.
“O mar pertence à Iemanjá”, na mitologia Nagô Yorubá há alguém que é mais antiga que Iemanjá que é Olokun, a “Senhora do mar” e Oro Iná dividem a terra, o planeta, essa realidade em terra e água.
Oro Iná levanta tudo, Oro Iná é Egunitá, “Senhora do fogo, da purificação”. Oro Iná/ Egunitá é “Senhora da Justiça” no sentido cósmico, o fogo de Xangô ampara, aquece, o fogo de Egunitá queima, consome, o fogo de Egunitá purifica, devora.
Nós não vivemos sem o calor do sol, a vida acaba, mas se você for à praia e ficar tostando lá, virando de um lado para o outro, você vai ver que esse calor queima se você fica exposto demais e o mesmo calor que aquece queima. A qualidade que queima, purifica, esgota é de Egunitá.
Ela é a mãe que queima e purifica os nossos vícios, é chamada para nos ajudar a queimar os nossos vícios, as nossas falhas, os nossos erros, o nosso comportamento e também queima e purifica toda e qualquer energia negativa.
Egunitá é um Orixá que não era conhecido na Umbanda com esse nome: “Egunitá”, mas que já existia no Culto de Nação como “Oro Iná”.
Na Índia, existe uma divindade chamada “Ka li” ou “Ka lí” é a mãe do fogo, da destruição, que também é o fogo do amor, o fogo das paixões, é a mesma Egunitá.
Na cultura Romana temos “Vesta” que é a “Senhora do fogo” da qual surge uma Casta de Vestais. Na cultura Celta há “Bride”, Bride também é a “Mãe Celta do fogo”.
Todas elas são o Orixá Feminino do Fogo/ da Justiça que é a nossa Mãe Egunitá, nossa Mãe Oro Iná.
Nós pedimos a ela força e amparo, ela também é uma guerreira, faz par com Xangô na linha da Justiça, mas também faz par com Ogum na linha da Lei, polarizando fogo e ar.
Xangô é fogo e Egunitá é fogo.
O fogo de Xangô é o fogo universal, o fogo de Egunitá é o fogo cósmico, é a ela que nós chamamos quando for o caso de queimar as ações negativas.
Seu símbolo também é uma estrela de seis pontas cruzada no centro, ao invés de serem dois triângulos, é uma estrela que se risca sem tirar o lápis do papel ou a pemba do chão, você risca a estrela fazendo uma cruz no centro, essa é a estrela de Egunitá, a nossa Mãe do fogo.
As filhas de Egunitá lembram um pouco as filhas de Iansã.
Egunitá inclusive é um dos nomes de uma das qualidades de Iansã no Culto de Nação, Egunitá é a qualidade de uma Iansã do fogo, aqui Egunitá é a Mãe do fogo.
Existe semelhança entre Egunitá e Iansã na qualidade guerreira, tanto Egunitá quanto Iansã são guerreiras, as filhas de Egunitá, as filhas de Iansã são guerreiras.
As filhas de Egunitá são racionais, as filhas de Iansã são mais emocionais, emotivas.
Egunitá está para Xangô assim como Iansã está para Ogum, Egunitá é muito racional. As filhas de Egunitá são racionalizadoras, elas são guerreiras, mas se movem pela razão. As filhas de Iansã são mais impulsivas, movimentadoras, falantes.
A filha de Egunitá é menos movimentadora, menos falante, menos impulsiva, ela é uma guerreira que fulmina com o seu olhar, aquela que queima que abrasa, que entra numa guerra para queimar, purificar, esgotar que é uma postura um pouco diferente de Iansã.
Tanto Iansã quanto Ogum tem prazer pela guerra, em fazer guerra.
Egunitá é a “Mãe da Justiça”, ela age nos casos de injustiça, tanto Egunitá quanto Xangô, trabalham o elemento fogo dentro do ser humano.
Egunitá e Xangô trabalham também o nosso calor, as nossas paixões, aquilo que nos aquece a alma, o nosso sentimento mais íntimo e também o calor humano que, se é calor, é fogo, esse calor humano também é o calor de Xangô.
Egunitá é a febre, simbolizada também por um raio, nós podemos riscar sete raios no chão, fazer um círculo e oferecer a Egunitá com velas laranja.
Egunitá não tem sincretismo conhecido, mas, podemos usar como sincretismo para Egunitá, “Santa Sara Ka li” que é “Santa Sara Negra”; “Ka li” quer dizer “A negra”, “Ka li yê” ou “Ka li” significa “Negra” e “Ka li” divindade Hindu também é divindade negra.
Santa Sara Ka li que é a Santa dos Ciganos se identifica com Egunitá ou Egunitá se identifica com ela no sincretismo. Na manifestação, na incorporação nós temos Iansã, Logunan e Egunitá que tem incorporação parecida.
No entanto, quando Iansã incorpora, seus movimentos são circulares, Iansã é movimentadora e trabalha o tempo todo o vento, Iansã trabalha o ar, muitas vezes ela movimenta a mão como se estivesse com leque, balançando a mão, movimentando e girando, rodando, Iansã é movimentadora.
Logunan trabalha a energia do movimento espiral, Logunan não trabalha o ar, o vento, Logunan trabalha o sentido que dá movimento, mas que dá movimento no sentido espiral, ela é menos movimentadora que Iansã e não é movimentadora a partir do ar, é a partir do tempo. Iansã trabalha o tempo meteorológico, o tempo climático.
Logunan trabalha o tempo cronológico, o movimento de Logunan é no tempo, o movimento de Iansã é físico, que pega o ar.
Egunitá não é movimentadora, ela é marcial, ela tem uma dança que lembra um pouco a dança de Iansã, mas ela não vem se movimentando como quem vem para movimentar o ar, nem para trabalhar um leque e nem para trabalhar uma espiral.
Egunitá incorporada tem movimentos que trabalham com as mãos como se estivesse fazendo uma faca, trabalha de forma marcial, ela faz movimentos marciais.
Diferente de Iansã que tem movimentos soltos e circulares, às vezes, movimentando como leque, Logunan tem movimento espiral, essa é uma diferença prática da incorporação.
Todos os Orixás incorporam.
Oxalá na incorporação, na maioria das vezes, lembra um velho curvado com um cajado.
A incorporação de Oxum parece ninar uma criança e faz no ar movimentos que lembram um coração.
Oxumaré é uma incorporação que faz movimentos lembrando uma serpente.
Oxóssi na incorporação lembra o caçador.
Obá é uma mãe concentrada, rígida que tem movimento compassado, a energia da terra que é mais densa.
Xangô costuma incorporar com as mãos fechadas e se movimenta como quem está segurando um machado em cada mão, é como ver alguém batendo as mãos, ele é o “Senhor do raio”, quando bate as mãos, na clarividência, se vê sair uma energia como se fossem raios.
Na clarividência, quando Oxumaré incorpora, às vezes, parece que a energia flui serpenteando.
Na de Oxum flui energia como se estivesse saindo do coração e que envolve todos nesse amor.
A de Oxalá é uma luz.
Xangô é “Senhor da Justiça”, a incorporação dele é ritmada.
O toque para Oxum é melodioso, cadenciado.
O toque de Xangô e de Egunitá, de Iansã e de Logunan, é um toque mais para “barra vento”.
O de Xangô pode ser tanto um toque de guerra que é o “barra vento”, como um toque mais compassado.
Tome cuidado para não chamar Xangô com a intenção que faça a sua justiça. Não chame Xangô com sentimento de vingança, isso não é bom.
Ele não é um humano encarnado, ele é uma divindade. Xangô não se presta a satisfazer vingança pessoal, Xangô não se presta a movimentar porque você está melindrado, magoado, chateado ou porque você acha que você é o certo e o mundo está errado.
Antes de pedir ajuda a Xangô tenha certeza que você não está se fazendo de vítima. Antes de pedir ajuda a Xangô tenha certeza que você está na sua verdade. Antes de pedir ajuda a Xangô tenha certeza que você não está julgando o outro a partir da sua pequenez, da sua mesquinharia, da sua mediocridade.
Antes de pedir ajuda a Xangô tenha certeza que o que você está pedindo é a justiça de Deus.
Xangô é o “Senhor da Justiça de Deus”. Se você tem certeza que você está de coração limpo, de coração aberto, que você está na sua transparência, na sua verdade, pedindo a Xangô que lhe ampare dentro dessa verdade, dentro daquilo que é bom, que é certo, que é verdadeiro, que é nobre, porque Xangô é também, Senhor da nobreza, da verdade.
Peça ajuda a Xangô de peito aberto, de coração aberto e tenha fé porque se é um trabalho de magia negra, não importa se a pessoa matou animal, se pagou alguém, se gastou muito dinheiro, se fizeram um trabalho requintado, se fizeram um trabalho para acabar com a sua vida, não interessa, não importa, peça para Xangô lhe amparar, peça para cortar, para ele exterminar o que foi feito.
Faça isso dentro de uma estrela de seis pontas e peça que ali dentro seja cortado todo trabalho, toda energia negativa e peça que o inimigo seja encaminhado, que ele não lhe perturbe mais, que ele não o alcance mais com sentimentos, com palavras, com ações.
Peça também para que Xangô lhe ajude a tirar do seu coração o seu sentimento negativo, para lhe ajudar a não julgar o outro, para lhe ajudar a ter olhos de razão, de racionalidade e se a situação é crítica, essa vela do centro da estrela, deve ser de sete dias, e deixe lá essa vela firmada, colocada dentro da estrela de seis pontas.
Para todos os Orixás podemos acender uma vela, se você conhece o Orixá, o símbolo do Orixá, você pode riscar seu símbolo.
Mesmo que você não tenha iniciação de pemba, que você não seja um mão de pemba, que você não seja um iniciado, você está riscando o símbolo do Orixá na sua fé, ninguém pode lhe impedir de riscar na sua fé. O que não pode é riscar o que você não sabe o que você não conhece.
Para conhecer a escrita mágica dos Orixás existe o livro “Iniciação à Escrita Mágica dos Orixás” da editora Madras de Rubens Saraceni ou também o livro “Magia das Velas” – “Magia das Velas” tem algumas receitas.
Para qualquer Orixá você pode acender uma vela: você quer ajuda de Oxum? Acenda uma vela de sete dias para Oxum e coloque o seu nome embaixo, coloque a sua foto embaixo, se for o caso, se assim pedir seu coração e sua fé.
Anna Pon
(texto baseado no Curso de Teologia de Umbanda Sagrada- desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino)
Olá, sou Anna Pon, autora deste blog.
Conheça meu trabalho de psicografia literária e seja sempre bem-vindo!
"Vô Benedito nos Tempos da Escravidão" novo trabalho psicografado por Anna Pon.
Transmitido por Vô Benedito (Espírito)
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Publicações pela Editora do Conhecimento
"A História de Pai Inácio" https://bit.ly/3tzR486
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Axé p todos...eu aqui hj mentalizo Egunitá ao lado de Santa Sara Kali...Nanã Buruque ao lado de Santa Ana(onde mesmo ñ sendo católica e nem batizada vou frequentar com carinho a missa na igreja de Santana e vou cobrir minha cabeça por Santa Sara kali...usar o escapulário do Carmo com a licença de Oxum...lembrar de Jesus com Oxalá e Obatalá...
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